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15/05/2005 - 15h50
Filme mexicano exibe sexo explícito em busca da "vida real"

Por Erik Kirschbaum

CANNES, França (Reuters) - O mundo talvez não esteja esperando um filme que mostra dois mexicanos obesos fazendo sexo depois que sua tentativa de seqüestrar um bebê dá totalmente errada, mas Carlos Reygadas disse no domingo que seu filme captura a vida real.

O diretor mexicano de "Batalla en el Cielo" (Batalha no Céu) disse que incluiu cenas explícitas usando um elenco de atores não profissionais porque o sexo faz parte do dia a dia, e ele considera uma farsa o sexo descrito cuidadosamente nos filmes.

O casal do seu filme é de meia idade e nada estético.

"A maior parte das pessoas se parece mais com eles do que com as beldades que você vê na publicidade", disse Reygadas em uma entrevista à imprensa depois da exibição de seu filme que compete no Festival de Cinema de Cannes.

"Nunca quis filmar gordos fazendo amor", acrescentou. "São apenas duas pessoas. Eles não são belos."

Reygadas disse que seu filme --que provocou algumas vaias e assobios numa exibição para a imprensa-- é a antítese da pornografia.

Ele disse que incluiu cenas chocantes-- como a abertura, quando uma adolescente faz sexo oral em um mexicano com excesso de peso-- para atrair os espectadores para a história.

"Não é um filme de sexo ou um filme pornográfico", disse. "A pornografia tem o objetivo de excitar o espectador sexualmente. Não é nada disso. Isso vai muito além do que sexo simples. Há um mistério por trás disso."

Depois da abertura explícita, revela-se que o homem de meia idade, Marcos, é um motorista e que o seqüestro que ele e sua mulher fizeram de um bebê de uma família de classe média da Cidade do México deu errado. O bebê morre misteriosamente. Reygadas lembrou que sequestros são comuns no México.

SEM ATORES PROFISSIONAIS

Marcos, interpretado por Marcos Hernandez, então fica íntimo da atraente mas perturbada jovem que é filha do seu chefe, Ana, papel de Ana Mushkadiz. Os dois eram amadores sem qualquer experiência em interpretação.

Marcos confia seu feio segredo a Ana, que, apesar da riqueza de sua família, trabalha num prostíbulo para se divertir. Ela lhe diz para procurar a polícia. Eles fazem sexo novamente. Mais tarde ele a mata.

"Todo o mundo está envolvido em sexo," disse Reygadas, cujo filme anterior, "Japón," causou um estardalhaço no último Festival de Cannes devido a uma extraordinária cena de sexo entre um homem de meia idade e uma mulher idosa. "As coisas acontecem quando as pessoas fazem amor. É sobre isso que esse filme trata. É como nós nos relacionamos com isso."

Reygadas disse que quis atores amadores para o seu filme e que acha absurdo como muitos filmes comerciais têm os lençóis da cama cuidadosamente arranjados, de uma forma completamente irrealista, para esconder partes do corpo durante as cenas de sexo, ou usam atores com corpos perfeitos.

"Eu disse 'nada de atores profissionais, por favor"', afirmou ele. "O objetivo desse filme foi capturar a essência dos personagens e eu queria fazer isso com atores não profissionais, que não tinham nenhuma técnica de representação em particular."

Ele disse que Marcos, que trabalha há décadas no Ministério da Cultura do México com seu pai, é um velho amigo. Ele descobriu Ana, uma designer de arte, numa sessão de "casting."

Os dois disseram não saber se voltarão a representar um papel novamente.

"Eu nunca quis ser atriz," disse Ana. "Se mais nada aparecer pelo meu caminho, não me incomodo nem um pouco."


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