Por Wilfrid Exbrayat

PARIS (Reuters) - Os astros de Hollywood Tom Hanks e Kirsten Dunst dividirão o tapete vermelho do Festival de Cinema de Cannes, em maio, com uma série de cineastas jovens e pouco conhecidos.

"Se 2005 foi o ano do retorno dos grandes autores, 2006 será o oposto", disse o diretor artístico Thierry Fremaux em coletiva de imprensa promovida na quinta-feira para apresentar a lista de filmes que vão integrar a 59a. edição do festival.

"É um ano de renovação, de assumir riscos."

Diretores respeitados como Pedro Almodóvar e Aki Kaurismaki vão apresentar, respectivamente, "Volver" e "Laitakaupungin Valot", ao lado de cineastas menos conhecidos, como o mexicano Guillermo del Toro, com "El Laberinto del Fauno".

"Marie-Antoinette", de Sofia Coppola, também ganhou um lugar na lista de 19 filmes que vão participar da competição oficial e ser exibidos entre 17 e 28 de maio.

O filme da diretora norte-americana traz Kirsten Dunst no papel da rainha francesa, esposa do rei Luís 16, que foi guilhotinada durante a Revolução Francesa, em 1793.

Sofia Coppola ficou conhecida com "As Virgens Suicidas" e foi indicada ao Oscar pela direção de "Encontros e Desencontros", pelo qual recebeu o Oscar de melhor roteiro original.

O festival de Cannes, na Riviera Francesa, pode também reconquistar seu viés político, depois de ter optado por não abrir espaço para documentários no ano passado.

Em 2004, Michael Moore agitou o evento quando levou para casa o prêmio máximo por seu polêmico "Fahrenheit 11 de Setembro", em que teceu críticas contundentes a Bush.

Este ano, o festival vai exibir "Fast Food Nation", de Richard Linklater, que avalia os riscos ambientais e à saúde ligados à indústria do fast food, e "Il Caimano", de Nanni Moretti, uma sátira do líder italiano Silvio Berlusconi.

O diretor britânico Ken Loach é um dos concorrentes ao prêmio maior de Cannes este ano, a Palma de Ouro, com "The Wind That Shakes the Barley", sobre republicanos na Irlanda do início do século 20.

"CÓDIGO DA VINCI"

"O Código Da Vinci", apesar de ser exibido fora da competição, certamente chamará a atenção no resort mediterrâneo, onde será exibido na abertura do festival 2006.

Baseado no best-seller de Dan Brown, o filme do diretor Ron Howard traz Tom Hanks e Audrey Tatou numa caça a um assassino que os conduz do Museu do Louvre, em Paris, até Londres, percurso no qual descobrem pistas que, esperam, os conduzirá a uma relíquia religiosa de suma importância.

Algumas das idéias do romance, incluindo a hipótese de que Jesus Cristo tenha se casado com Maria Madalena e tido um filho com ela, desagradaram à Igreja Católica, e no início do mês um representante do Vaticano fez críticas fortes ao livro e ao filme.

O livro, que já vendeu mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo, foi alvo de uma ação envolvendo direitos autorais, julgada na Alta Corte de Londres, mas Dan Brown e sua editora venceram a batalha contra dois historiadores que alegaram que ele plagiou suas idéias.

O júri do festival será dirigido pelo cineasta Wong Kar-Wai, o primeiro chinês a já ter presidido o júri de Cannes. Nascido em Xangai, o diretor de "Amor à Flor da Pele" recebeu o prêmio de melhor direção de Cannes em 1997 por "Felizes Juntos".

O júri também inclui a atriz italiana Monica Bellucci, a chinesa Zhang Ziyi e o ator norte-americano Samuel L. Jackson.