21/05/2005 - 19h12 Palma de Ouro vai para o filme belga "L'Enfant", dos irmãos Dardenne CANNES, França, 21 maio (AFP) - O filme belga "L'Enfant", dos irmãos Jean Pierre e Luc Dardenne, ganhou neste sábado a Palma de Ouro do 58º Festival de Cinema de Cannes, na França.
Os belgas Jean Pierre e Luc Dardenne dedicaram o prêmio aos reféns no Iraque, especialmente à jornalista francesa Florence Aubenas e seu guia Hussein Hanoun.
Na categoria de melhor roteiro venceu "The three funerals of Melquiades Estrada", do americano Tommy Lee Jones e do mexicano Guillermo Arriaga. Ao receber o prêmio, Arriaga declarou que o compartilhava com seus "companheiros de aventura neste filme, com sua família e com todos os mexicanos, de um ou outro lado da fronteira".
Autor de romances como "Un dulce amor a muerte" e "El búfalo de la noche", Arriaga se tornou roteirista de prestígio internacional com "Amores Brutos" e "21 Gramas", dois filmes do compatriota Alejandro González Iñárritu.
O longa de melhor roteiro fala do drama da migração, emoldurado pela grandiosa paisagem da fronteira entre Texas e Chihuahua, mas conta, sobretudo, a história de uma amizade e do cumprimento, a todo custo, de uma promessa feita a um amigo.
A história começa quando o corpo de um homem, morto a tiros, é encontrado no deserto. Trata-se de Melquiades Estrada (Julio Cedillo), mexicano que imigrou clandestinamente e trabalha como vaqueiro em um rancho.
"The three funerals of Melquiades Estrada" também ficou com o prêmio de melhor ator, pela interpretação do americano Tommy Lee Jones.
O ator foi premiado por seu papel como Pete, capataz de um rancho no Texas que empreende uma viagem para cumprir a promessa feita a seu amigo Melquiades Estrada de enterrá-lo em sua aldeia natal no México.
Acostumado com papéis de vilão, Tommy Lee Jones deu um giro em sua carreira a partir dos anos 90 com suas participações em filmes como "JFK", de Oliver Stone, e "O fugitivo", com o qual ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante. Mas sem dúvida seu papel mais conhecido é o de "Homens de Preto".
Já o prêmio de melhor atriz foi para a israelense Hanna Laslo, por sua interpretação em "Free Zone", de Amos Guitai. Laslo, de 51 anos, interpreta no filme uma mulher astuta, desenvolta e endurecida por uma vida difícil. Ao receber o prêmio, lançou um apelo a favor do diálogo entre israelenses e palestinos.
"Eu me dirijo também às vítimas árabes e palestinas. É hora de se reunir e discutir para solucionar os problemas", disse Laslo, que dedicou o prêmio a sua mãe, "sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz".
Laslo é conhecida em Israel por seus programas descontraídos, como "Sexo, mentiras e Hanna Laslo" e "A vida segundo Laslo". Laslo atuou também em vários shows de televisão e participou de cerca de dez filmes em seu país.
"Free Zone" é seu segundo filme sob a direção de seu compatriota Amos Gitai, depois de "Alila".
Em "Free Zone", ela interpreta uma mulher forte e sem papas na língua, mas profundamente humana. Obrigada a assumir os negócios da família quando o marido foi ferido, Hanna (também o nome do personagem) vai de táxi para a "Free Zone", imenso mercado de veículos para todo o Oriente Médio situado na Jordânia, com a intenção de cobrar uma dívida. Acompanhada por uma turista americana desorientada (Natalie Portman), Hanna se encontra com uma palestina reservada e misteriosa (Hiam Abbass) que lhe conta que o dinheiro não está mais lá.
Hanna Laslo cria uma personagem forte, valente e generosa.
"Acredito que Amos escreveu o personagem de Hanna para mim. Eu me dei conta de que nós somos muito parecidas", disse Laslo em Cannes durante a apresentação de "Free Zone" à imprensa.
Também hoje em Cannes, o diretor americano Jim Jarmusch recebeu o Grande Prêmio do Festival por seu filme "Broken Flowers".
"Broken Flowers", interpretado por Bill Murray, Sharon Stone e Jessica Lange, aborda com humanismo e humor o tema da paternidade.
Por fim, o filme "Shanghai dreams", do chinês Wang Xiaoshuai, recebeu o prêmio do júri. | |