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65o. Festival de Veneza - 2008

27/05/2006 - 11h59
Luta pela Palma termina em espanhol com Del Toro e Caetano

Eliseo García Nieto
Cannes (França), 27 mai (EFE).- O mexicano Guillermo del Toro,
com um filme espanhol, e o uruguaio Adrián Caetano, com um
argentino, encerraram hoje, entre muitos aplausos do público, a
competição pela Palma de Ouro na edição mais hispânica do Festival
de Cannes em muitos anos.

"El laberinto del fauno", de Del Toro, e "Crónica de una fuga",
de Caetano, falam dos períodos mais obscuros da Espanha e da
Argentina: a repressão após a Guerra Civil e os desaparecidos
durante o último Governo militar.

Nos dois casos, os protagonistas acabam abrindo uma janela para a
esperança em meio ao horror.

Poucas semelhanças além dessa podem ser identificadas entre os
dois filmes diametralmente opostos. Enquanto Del Toro mergulha de
novo em seu riquíssimo mundo onírico, Caetano recria com exatidão um
pesadelo real, a fuga de um grupo de detidos clandestinos.

Enquanto a menina que protagoniza o filme de Del Toro recorre a
um giz para abrir portas para um universo de magia, esperança e de
criaturas inventadas, os quatro jovens nus que arrombam uma janela
da casa onde são torturados o fazem para escapar de um inferno
povoado de monstros com aspecto humano.

Ambientado em 1943 no norte da Espanha, "El laberinto del fauno"
apresenta uma história da repressão franquista e da luta da
resistência na qual uma menina, interpretada por Ivana Baquero, faz
a ligação com um mundo de fadas e fantasia.

O filme é uma das duas fitas espanholas em competição pela Palma
de Ouro, disputando-a com "Volver", de Pedro Almodóvar.

Além de seus efeitos visuais, a cargo de David Martín, o filme de
Del Toro surpreende com a interpretação de Sergi López no papel de
impiedoso repressor, junto a Maribel Verdú e Ariadna Gil.

Todos eles estiveram hoje com del Toro na entrevista coletiva em
que o diretor expressou sua alegria por voltar a Cannes após sua
passagem em 1993, fora de competição, com "Cronos", seu primeiro
longa.

Del Toro falou de seu interesse pela guerra civil espanhola
(1936-1939). O cineasta explicou que o México tem "uma relação muito
peculiar com a Espanha" sobre esse conflito, um acontecimento
histórico com múltiplas interpretações.

O mais amedrontador de tudo, no entanto, é saber que os lobos de
carne e osso que povoam "Crónica de una fuga" são seres de carne e
osso. E que estão entre nós.

O golpe militar de Estado de 1976 instaurou, durante sete anos,
um regime de terror implacavelmente retratado no filme de Caetano. O
autor de "Bolívia" (2001) reconstrói o caso real de quatro jovens
presos em um centro de detenção clandestino onde a tortura física e
psicológica se misturaram por meses.

Dois deles, Guillermo Fernández e Claudio Taburrini, acompanharam
hoje Caetano na apresentação do filme.

"A primeira vez que vi, fez-me reviver a dor", reconheceu
Taburrini, sentado à mesa junto ao ator que o encarna, Rodrigo de la
Serna, e Pablo Echarri, que interpreta um dos torturadores.

"As emoções mais fortes foram durante a gravação", contou
Fernández. Ele lembrou que, ao visitar a casa onde foi reproduzido o
cenário de seu cativeiro, teve que pedir que o "deixassem sair, para
comprovar que podia fazê-lo".

De acordo com Caetano, o filme retrata "crimes contra o ser
humano que não merecem nenhum tipo de justificação".


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