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17/05/2007 - 19h36
Em "Control", Anton Corbijn ressuscita o atormentado Ian Curtis

AFP

O diretor Anton Corbijn

O diretor Anton Corbijn

Por Paul Ricard

CANNES, França, 17 mai (AFP) - Melancolia fria, romantismo negro e desesperança pós-industrial. O fotógrafo Anton Corbijn faz reviver o universo sombrio do grupo inglês de "cold wave" Joy Division em seu filme "Control", que relembra o destino trágico de seu vocalista, Ian Curtis, e é muito mais que uma simples biografia em celulóide.

"Control" inaugurou a mostra paralela Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes nesta quinta-feira, véspera do 27º aniversário da morte de Curtis, que se enforcou com apenas 23 anos de idade.

O filme, muito bem recebido, despertou grande expectativa. O Joy Division, nascido das cinzas ainda quentes do movimento punk, influenciou muitos grupos. Por outro lado, Corbijn, um holandês de 52 anos, que assina seu primeiro filme, é um grande nome da foto e dos videoclipes de rock, colaborador de bandas como Depeche Mode e U2.

"A princípio, não queria fazer um filme relacionado com a música porque me parecia previsível demais", contou em entrevista à AFP.

"Mas também fui consciente da importância dos anos 60 e 80 na minha vida. Este filme é uma forma de encerrar certa parte da minha vida", acrescentou.

"O filme contém música, mas não é um musical", reforça Corbijn. "Espero que os espectadores entendam que tentei fazer um filme de verdade e não uma biografia do rock."

Ao estilo de Gus Van Sant em "Últimos Dias", baseado no suicídio do cantor do Nirvana, Kurt Cobain, Corbijn se concentrou no sofrimento e na solidão de Curtis, mais do que na mitologia do rock.

"Cresci em um meio protestante e tudo estava vinculado ao homem e a sua forma de reagir com relação a seu entorno", explica. "Isso é flagrante nas minhas fotos, sobretudo as primeiras: não têm como objetivo a dimensão orgásmica dos concertos, mas a criação e como influem nela as dificuldades da vida".

Joy Division veio de Manchester e, nos anos 70, Corbijn encontrou no norte da Inglaterra um terreno ideal para esse tipo de sentimentos.

"A Inglaterra era muito pobre e os que escolhiam a música o faziam para fugir dessa vida", afirma. "No meu caso, a foto era a único coisa que me interessava e em seguida fiz contato com essa gente que sentia o mesmo que eu em relação à arte".

O filme é pontuado pelos maiores sucessos do Joy Division, de "Love Will Tear Us Apart" a "Atmosphere", passando por "She's Lost Control" (que inspira o título do filme) e "Transmission".

"Control" deve muito à interpretação de Sam Riley no papel de Ian Curtis. O ator inglês já havia encarnado um cantor do mundo post-punk de Manchester - Mark E. Smith, do The Fall - no filme "A Festa Nunca Termina" (2002), de Michael Winterbottom.

Quanto às cores, Corbijn optou por um preto-e-branco com forte contraste, característico de seu estilo fotográfico. A encenação é sóbria e elegante, muito distante da estética videoclipe que se poderia esperar.

Definitivamente, é uma homenagem digna ao Joy Division, que depois da morte de Curtis se transformou na banda New Order, uma forte influência para grupos atuais, como Bloc Party, Interpol e Editors.


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