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65o. Festival de Veneza - 2008

26/05/2008 - 14h30

Itália comemora "renascimento" de seu cinema após Cannes

Por Silvia Aloisi

ROMA (Reuters) - Enquanto a França celebra a vitória de um filme seu no festival de Cannes, a Itália também comemora o renascimento de seu cinema, depois de obter dois prêmios importantes na maior competição de filmes do mundo.

"Gomorrah", um filme pesado sobre a máfia de Nápoles, e "Il Divo", sátira da vida do ex-premiê Giulio Andreotti, levaram o segundo e o terceiro prêmios respectivamente, ganhando o respeito da crítica tanto em casa quanto no exterior.

Os prêmios foram um incentivo bem-vindo pelo cinema italiano, que passou os últimos anos procurando a própria identidade e já foi declarado como decadente. Os prêmios aos dois filmes foram manchete na Itália na segunda-feira, chamando mais atenção que o grande vencedor, o francês "Entre Les Murs", do diretor Laurent Cantet.

"Se houvesse um vencedor real da competição, seria o cinema italiano", disse Paolo Mereghetti, importante crítico do Corriere della Sera.

"É importante convencer o público internacional -- que é a força de Cannes -- de que nosso cinema está voando alto de novo", disse.

O tom não poderia ser mais diferente do que o usado no ano passado, quando os filmes italianos ficaram de fora da competição principal em Cannes, e o diretor norte-americano Quentin Tarantino chamou o cinema italiano de "deprimente".

"Os filmes mais recentes que vi são todos iguais. Eles falam de meninos crescendo, ou meninas crescendo, ou casais em crise, ou férias dos debilitados mentais", disse Tarantino em junho, em uma entrevista.

Desta vez, os críticos dizem que "Gomorrah", de Matteo Garrone, e "Il Divo", de Paolo Sorrentino, lançam um olhar inovador sobre temas importantes -- a máfia e a corrupção política.

"Em uma indústria que parecia estar acabando...de repente, dois diretores que ainda nem têm 40 anos mostram que uma nova geração de cineastas nasceu olhando a realidade do nosso país, suas sombras e vergonhas, sem medo", escreveu Natalia Aspesi, que cobriu o festival para o jornal La Republica.