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12/05/2010 - 09h43

Para Russell Crowe, Robin Hood hoje lutaria contra a "mídia"

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • Russell Crowe no papel de Robin Hood, no filme de Ridley Scott

    Russell Crowe no papel de Robin Hood, no filme de Ridley Scott

O australiano Russell Crowe fez um ataque irônico à imprensa na primeira coletiva do festival de Cannes, em torno do filme de abertura, “Robin Hood”, de Ridley Scott, no qual interpreta o arqueiro que rouba dos ricos para dar aos pobres. “Podemos nos perguntar qual era a principal motivação de Robin Hood, se era econômica ou política. Creio que hoje ele escolheria como principal inimigo a mobilização da mídia”.

Crowe não poderia ter sido mais previsível. O ator que faz o papel de Robin Hood tem uma relação atribulada com a imprensa em geral por conta dos pequenos escândalos em que se meteu e que tiveram ampla cobertura por parte de veículos de comunicação no mundo inteiro. Em outras ocasiões, veja o vídeo abaixo, deu declarações semelhantes. 

ASSISTA À REPORTAGEM DA EFE COM RUSSELL CROWE

Foi no mínimo questionável a decisão dos organizadores de Cannes em escolher para abertura um filme no qual os franceses são tratados como vilões rasteiros. Escondendo-se na floresta, o rei Filipe da França é obrigado a contratar um mercenário para matar o rei Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra. Mais tarde, o mesmo mercenário lidera o exército francês disfarçado de britânico, que sai num saque desenfreado pelos vilarejos ingleses, levando todo o ouro do povo. Pode-se esperar a chuva de críticas da imprensa francesa por tal escolha.

ASSISTA AO TRAILER ORIGINAL DE "ROBIN HOOD"

“Há um igual peso de personagens de natureza desconfortável entre ingleses e franceses no filme. Mas é principalmente uma história de amor entre Robin e Marion”, tentou justificar-se o produtor Brian Grazer. Crowe foi irônico como sempre, mostrando um certo desprezo pela questão: “É a primeira vez que Ricardo Coração de Leão morre logo no começo do filme, abatido por um cozinheiro francês. Creio que por isso fomos convidados para abrir o festival”.

Talvez para não ouvir perguntas desaforadas, o diretor Ridley Scott não deu as caras na coletiva de imprensa, alegando uma cirurgia recente no joelho. Quem segurou a onda foram seus astros, Russell Crowe - em seu quinto filme com o diretor - e Cate Blanchett, que vive a aldeã Marion Loxley. O diretor enviou ao festival um comunicado que foi lido na coletiva: “Lamento perder a sessão de abertura do festival. Razões médicas são as únicas que me impedem de estar aí”.

O filme faz uma abordagem original ao se concentrar nos anos que precedem o surgimento da lenda de Robin Hood. “Escolhemos uma perspectiva bastante arrogante. Esse filme diz que tudo o que você sabia até hoje sobre Robin é um erro”, disse Crowe. “Tínhamos um roteiro para sete horas, e nossa opção era truncar a história ou contar apenas o início dela. Escolhemos a segunda opção”. É certo então que virá a sequência? “Posso garantir que não há outros dois roteiros prontos no leito de Ridley no hospital. Mas se o projeto surgir, será sempre um prazer trabalhar com Ridley”.

Ao contrário de Crowe, que diz ter crescido vendo todos os filmes e séries de TV sobre Robin Hood, Cate Blanchett diz que não se inspirou nas versões anteriores de Marion – papel que já foi feito por estrelas como Audrey Hepburn. “Meu papel no filme gira em torno da história de amor, e Ridley consegue equilibrar muito bem o romance com o resto da ação”.

Como sempre, Ridley Scott faz um filme competente, que demora um pouco para colocar todas as suas premissas, mas depois engrena em boas cenas épicas. Mas nada que se compare à dimensão épica de “Gladiador” – o diretor não consegue a mesma emoção nas batalhas, e Crowe não tem nas mãos um herói tão forte quanto o lutador romano – seu Robin Hood é um exímio arqueiro que precisa se passar por nobre e conciliar sua força com muitos outros personagens, a começar pelo novo e mal-intencionado rei inglês, John. O problema é que Scott busca o paralelo com seu Gladiador todo o tempo – inclusive num mal-sucedido flashback da infância de Robin que ele logo abandona. Cate Blanchett enobrece o seu papel. Um grande exemplo é a cena em que descobre a morte do marido – o diretor lhe dá um grande close para que chore e se desespere, mas ela devolve uma expressão muito mais sutil.

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