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Festival de Cannes 2010

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13/05/2010 - 14h52

"A morte é a única certeza", diz Manoel de Oliveira, cineasta de 101 anos

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • Manoel de Oliveira, 101 anos, apresenta O Estranho Caso de Angélica no Festival de Cannes

    Manoel de Oliveira, 101 anos, apresenta "O Estranho Caso de Angélica" no Festival de Cannes

O português Manoel de Oliveira, o cineasta mais velho do mundo em atividade, com 101 anos de idade, apresentou hoje seu novo filme fora de Competição, “O Estranho Caso de Angélica”, projeto que acalenta há 60 anos. Católico convicto, ele mostrou mais uma vez que está pronto para próximos projetos. “A morte é apenas uma condição, a única certeza que existe. Todo o resto é incerteza”, declarou.

À saída da coletiva de imprensa, o UOL Cinema ainda quis saber: Manoel tem medo da morte – ou é fascinado por ela, como o personagem do filme, que fotografa uma mulher que morreu sorrindo e se apaixona por seu fantasma? Ele desconversou: “O importante é se animar para viver bem. E manter a esperança, que é a coisa mais importante para o homem”.

Aos 101, Manoel mostrou seu espanto com o mundo: “Veja a crise econômica que assola o mundo. E há ainda as coisas terríveis da natureza, como esse vulcão que quase me impediu de vir ao festival. Mas há sempre esperança de que um dia vamos se livrar dessa tendência que tombou sobre a humanidade como um castigo. Me faz lembrar Sodoma e Gomorra, caímos em um desastre!”.

Ao falar da coprodução brasileira do filme, por meio da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e a participação da atriz brasileira Ana Maria Magalhães, ele falou de seu amor pelo país: “O Brasil é muito importante pra Portugal, é a extensão da nossa língua; tudo o que chega ao Brasil se torna brasileiro, mesmo que não seja. Amamos a novela, porque é uma expressão muito diferente do cinema”.

Em mais de 100 anos de cinema, ele não vê tanta evolução na sétima arte: “Nos primeiros anos, os irmãos Lumière, Max Linder e Georges Meliés exercitaram o realismo, a fantasia e cômico. Todo o cinema está lá. Desde então o cinema não progrediu; o que progrediu foi apenas a técnica”.

Da terra ao céu

Ingenuidades à parte, Manoel de Oliveira faz mais um filme complexo, cheio de leituras, em que o fotógrafo Isaac (Ricardo Trepa) se encanta com o rosto sorridente da jovem Angélica (Pilar Lopes de Ayala), que acaba de morrer. Ao mesmo tempo em que fica obcecado por um espírito, passa a fotografar os trabalhadores da terra no Douro. A obsessão pela figura de Angélica, uma espécie de anjo que lhe abre as portas do além, também lhe abre a percepção para as coisas terrenas. Mais um mistério de Manoel que vai nos assombrar por muitos e muitos anos. O filme certamente estará na Mostra Internacional de São Paulo, em outubro.

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