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Festival de Cannes 2010

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13/05/2010 - 10h33

Filme chinês é primeiro forte candidato à Palma de Ouro

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • Cena de ''Rizhao Chongqing'' (''Chongqing Blues''), de Wang Xiaoshuai, em competição no Festival de Cannes de 2010

    Cena de ''Rizhao Chongqing'' (''Chongqing Blues''), de Wang Xiaoshuai, em competição no Festival de Cannes de 2010

O chinês “Chongqing Blues”, segundo filme exibido na Competição de Cannes, surpreendeu todo mundo e já entrou para a lista de fortes candidatos à Palma de Ouro. O filme é dirigido por Wang Xiaoshuai, o mesmo de “Bicicletas de Pequim” (2000); e “Sonhos com Shangai” (2005), Prêmio do Júri em Cannes – os dois exibidos na Mostra de São Paulo.

 Seu novo filme é um drama comovente sobre Lin, um capitão marítimo que abandonou sua primeira família para formar uma segunda. Ao voltar de um trabalho de seis meses no mar, ele recebe a notícia de que seu filho de 25 anos, fruto do primeiro casamento, foi assassinado por um policial depois de sequestrar uma moça num supermercado. Da última vez que Lin viu o rapaz, ele tinha apenas 10 anos.

Para expiar sua culpa, Lin começa um meticuloso trabalho para resgatar os últimos momentos do rapaz. Fala com todo mundo – seu melhor amigo, a ex-mulher, a moça que foi feita refém, a ex-namorada por quem ele tinha uma paixão profunda que o levou à loucura final. A única imagem que consegue do rapaz é aquela que está no vídeo sobre o sequestro publicado na internet. O capitão se apega a ela e pede para o amigo ampliá-la até não poder mais. Pendura o retrato enorme e desfocado do filho na parede do quarto, interrogando seu rosto em busca de alguma resposta que não virá.

Xiaoshuai usa um procedimento parecido com o de seu conterrâneo Jia Zhang-Ke em “Em Busca da Vida”, Leão de Ouro em Veneza – por meio de uma clássica história de busca, vai sutilmente construindo um retrato da cidade de Chongqing, hoje um canteiro de obras que cresce em ritmo acelerado, e da sociedade chinesa, em especial de uma juventude consumista e sem compromisso com as velhas gerações. A busca de Lin pela imagem que pode revelar um mistério é uma grande homenagem a “Blow Up”, de Antonioni. Combinando um drama emocionante com um forte lado documental sobre um país no qual todo o mundo está de olho, é difícil que o “Chongqing Blues” saia sem algum prêmio de Cannes.

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