! "Biutiful", com Javier Bardem, emociona plateia de Cannes - 17/05/2010 -
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17/05/2010 - 17h04

"Biutiful", com Javier Bardem, emociona plateia de Cannes

Por Mike Collett-White

CANNES (Reuters) - A morte ronda os personagens de "Biutiful", um comovente retrato pintado pelo diretor mexicano Alejandro Gonzalez Iñarritu de um pai que corre para colocar sua vida caótica em ordem, antes que seja tarde demais.

O ator premiado com o Oscar Javier Bardem faz o papel principal nesse drama falado em espanhol e ambientado nas ruas pobres de Barcelona, onde trabalhadores imigrantes vivem na pobreza e lutam para sobreviver em um mundo onde são tratados como animais.

Uxbal, o personagem de Bardem, é parte criminoso e parte vidente que tem visões de pessoas que já morreram, mas é sobretudo um pai cujos dois filhos se dividem entre ele e a mãe, que sofre de depressão clínica e os negligencia.

O filme foi recebido com aplausos e muitas lágrimas na segunda-feira, na sessão para a imprensa do festival de Cannes, onde integra a competição principal, sugerindo que seja um dos primeiros favoritos aos prêmios, com Bardem tendo chances de ser premiado como melhor ator.

Indagado sobre o que achou da experiência de retratar um homem assombrado por fantasmas, com problemas de saúde e que enfrenta uma confusão em sua vida pessoal e profissional, Bardem respondeu:

"Você assistiu ao filme, não? É intenso. O processo foi intenso, mas muito recompensador, no sentido de me levar aos lugares para onde um ator precisa ir para amadurecer como profissional."

"É intenso, mas existe esperança em cada gesto dele (Uxbal) em direção aos seres humanos que o cercam, as crianças, os imigrantes, a esposa."

PRIMEIRO FILME DESDE "BABEL"

"Biutiful" é o primeiro filme de Iñarritu desde "Babel", de quatro anos atrás, e a narrativa simples que transcorre em uma única cidade forma um contraste com as teias múltiplas e internacionais da outra história.

"Depois de percorrer o mundo todo, eu estava exausto e prometi a mim mesmo que eu faria um filme simples", disse o diretor a jornalistas em coletiva de imprensa.

"Decidi que eu queria um sujeito só, um ponto de vista, um bairro, e chega dessa história de falar marroquino, japonês, inglês. Eu queria minha própria língua. Mas não foi mais fácil. Acho que foi tão difícil quanto qualquer outro filme que já fiz."

Indicado ao Oscar por "Babel", o cineasta disse que a morte é um tema que ele explora em todos seus filmes.

"Como qualquer outra pessoa, ela me apavora. Quando você vai ficando mais velho, vai se questionando e se dando conta de quão perto está da morte."

Mas ele acrescentou que, apesar dos elementos sombrios de "Biutiful", o filme é "o mais esperançoso que fiz até hoje".

Iñarritu aproveitou para criticar o cinema feito para o grande público, que, segundo ele, não representa a realidade de maneira significativa.

"'Biutiful' é uma experiência verdadeiramente íntima. É tão íntima que as pessoas se sentem ameaçadas. O íntimo é o novo punk, aquilo que é ameaçador."

"A gente anda se afastando tanto uns dos outros que, quando você apresenta algo humano, que trata de emoções humanas, as pessoas dizem 'isso é deprimente', porque ninguém consegue reconhecer-se naquilo."

Iñarritu disse que as pessoas se recusam a encarar o envelhecimento e a morte.

"Estamos doentes, nossa sociedade está muito doente. Estamos andando na direção errada."

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