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19/05/2010 - 16h43

Cineasta francês faz biografia de mais de cinco horas sobre terrorista Carlos, o Chacal

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • Edgar Ramírez faz o papel de Ramírez Sanchez, conhecido nos anos 1970 como Carlos, o Chacal

    Edgar Ramírez faz o papel de Ramírez Sanchez, conhecido nos anos 1970 como Carlos, o Chacal

O francês Olivier Assayas (de “Horas de Verão”) submeteu os espectadores do Festival de Cannes hoje a uma maratona de cinco horas e meia de seu filme “Carlos”, cinebiografia do terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sanchez, mais conhecido como Carlos, o Chacal.

O trabalho foi feito por encomenda como uma minissérie para o Canal Plus, canal pago francês. Como Assayas é velho amigo do festival e já exibiu outros filmes por aqui – e pela importância do personagem –, os organizadores decidiram programar uma sessão especial. Há rumores de que eles queriam mesmo incluir o filme na Competição pela Palma de Ouro, mas temeram uma possível polêmica sobre a entrada de um “produto da TV” na disputa.

“Carlos” começa mais ou menos onde termina “Che”, a biografia de Che Guevara dirigida por Steven Soderbergh que concorreu à Palma em 2008. Logo no início do filme, Carlos (o ótimo Edgar Ramírez) comenta com a esposa sobre a morte do Che em 1967: “Adianta fazer como ele, lutar na América Latina como se os ditadores de lá fossem autônomos e não servissem ao imperialismo internacional?”. Em 1973, ele entra para a luta armada da Frente Popular para a Libertação da Palestina.

Quase uma hora do filme (ou da série) é dedicada ao sequestro espetacular dos embaixadores em uma reunião da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), em Viena. Carlos e seu grupo fazem três mortos, embarcam todos os embaixadores num avião, aterrissam num aeroporto da Argélia, onde o terrorista libera todos os passageiros em troca de um resgate de US$ 20 milhões. A ação tornou-o mundialmente famoso, o terrorista mais procurado do mundo, mas fez com que perdesse a credibilidade face à FPLP, que preferia o assassinato do ministro da Arábia Saudita em vez do dinheiro.

Carlos se desliga então da organização e passa a atuar como uma espécie de mercenário, contratado por governos e ditaduras como a Líbia de Muhammar Kadafi, esvaziando-se sem se dar conta de suas ideologias marxistas. É preso e condenado à prisão perpétua em 1997.

“Carlos era um militante político como muitos de sua geração, fascinado pelas lutas pela liberdade ao redor do mundo. Nos anos 70, havia uma guerra real ocorrendo entre países dos dois blocos da Guerra Fria. Mas logo ele se transformou de militante em mercenário cínico”, declarou Assayas.

Ainda não há previsão se “Carlos” será exibido como minissérie em algum canal pago brasileiro. Mas, como a série estreia no fim deste mês no Canal Plus francês, deve ser encontrada logo depois para download na internet.

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