Festival do Rio

04/10/2010 - 12h08

Festival do Rio exibe filmes que mostram a imagem do Brasil sob diferentes pontos de vista

EDU FERNANDES
Colaboração para o UOL, do Rio

Bianca, personagem principal de "Riscado", faz eventos para ganhar seu sustento

Com um catálogo de mais de 300 filmes exibidos, o Festival do Rio oferece oportunidades de ver produções que tratem do mesmo assunto, mas sob pontos de vista diferentes.

A cidade brasileira mais famosa entre os estrangeiros parece ser o cenário ideal para discutir a imagem que o Brasil tem internacionalmente.

Dirigido por Gustavo Pizzi, "Riscado" conta a história de Bianca, que tem a grande chance de sua carreira artística ao conhecer um cineasta francês. O sujeito fica tão impressionado pela vida dela que a convida para colaborar no roteiro, além de protagonizar o filme que produzirão.

"Riscado" mostra pelos olhos brasileiros o maravilhamento que alguns estrangeiros sentem em nossa terra. "Rio Sex Comedy" explora a questão pelo outro lado.

O personagem principal do longa de Jonathan Nossiter é o embaixador americano no Rio, interpretado por Bill Pullman. Ele percebe que seu trabalho não ajuda verdadeiramente as pessoas e decide fugir do escritório. William se refugia em favelas cariocas e quer criar alguma forma de resolver os problemas que testemunha.

Jonathan naturalizou-se brasileiro, mas não nega o olhar estrangeiro sobre o assunto: a maioria dos personagens de "Rio Sex Comedy" não são brasileiros.

Criminoso gente boa

Outra dupla de filmes com o mesmo tópico são os dois longas sobre a história de Marcelo Rocha, que se passou como empresário do ramo da aviação e enganou até apresentadores de televisão. "VIPs" e "Histórias Reais de um Mentiroso" competem na Première Brasil.

Em "VIPs", personagem de Wagner Moura sonha em pilotar aviões

TRAILER DE "VIPs"

O diretor Toniko Melo aproveita o teor fantástico das aventuras de Marcelo - interpretado por Wagner Moura - e toma grandes liberdades para construir uma unidade narrativa em "VIPs". Fatos são totalmente alterados em nome da dramaticidade.

"Histórias Reais de um Mentiroso", por ser um documentário, está mais comprometido com a realidade. Apesar disso, a diretora Mariana Caltabiano não hesita em usar animações e cartuns para remontar as cenas que não foram captadas por câmeras.

A escolha é compreensível, pois as histórias de Marcelo Rocha são tão impressionantes que é impossível não rir das enrascadas e saídas de mestre do golpista.

Com oportunidades como essas em sua programação, o Festival do Rio cumpre uma das funções desse tipo de evento. Depois das sessões, os cinéfilos podem comparar impressões, trazer dados novos para quem não assistiu ao outro filme e enriquecer as discussões. Além de pensar cinema, o festival faz pensar.