Por Arthur Spiegelman

LOS ANGELES, Estados Unidos (Reuters) - O cineasta palestino Hany Abu-Assad provavelmente foi o homem mais surpreso do Globo de Ouro, na segunda-feira, quando o drama dele sobre homens-bomba que entram em Israel, "Paradise Now", foi escolhido como o melhor filme em língua estrangeira.

Abu-Assad, que trabalha na Holanda, mas atualmente procura casa em Hollywood Hills, esperava perder a disputa, como já tinha acontecido no começo do mês com seu filme -- que perdeu para "Kung-Fusão" na premiação do Broadcast Film Critics.

Para o cineasta, um grande número de pessoas ou não tinha visto o filme ou o avaliava como sendo polêmico demais.

Ao subir no palco para receber o Globo de Ouro, Abu-Assad defendeu a criação de um Estado palestino, afirmando ver no prêmio um "reconhecimento de que os palestinos merecem incondicionalmente ter liberdade e igualdade".

O Globo de Ouro também aumenta as chances de "Paradise Now" na luta por um Oscar, que acontece no dia 5 de março. Seu próximo desafio é ser um dos cinco filmes estrangeiros indicados para o prêmio -- nenhuma produção palestina jamais figurou nessa categoria.

"Fiquei surpreso por termos ganhado, mas não acredito que meu filme seja polêmico. Ele apenas mostra, de um ponto de vista diferente, que estamos todos preocupados com isso", disse Abu-Assad a repórteres nos bastidores da premiação.

O cineasta insistiu não ter tomado o lado de ninguém no filme e disse que tentou explicar ali por que dois mecânicos aparentemente simples estariam dispostos a matar a si mesmos e a outras pessoas. O filme apresenta argumentos sobre todos os lados da questão.

"Trata-se de uma obra cinematográfica. O cinema apresenta para a gente pontos de vista diferentes", acrescentou.

Durante a realização do filme, Abu-Assad viu-se obrigado a escapar de um ataque com míssil realizado por Israel, a evitar minas terrestres e a enfrentar ameaças de grupos extremistas.