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Sete filmes e uma pergunta: por que fazer novas versões de clássicos?

Colaboração para o UOL

23/09/2016 13h24

A nova versão de “Sete Homens e um Destino” chega aos cinemas, trazendo uma perguntar que não encontra resposta: por que recriar filmes que, na época em que foram lançados, viraram clássicos e marcaram seus títulos na história? Dinheiro, desafio, exercício de estilo, homenagem?

Na história do cinema, são vários os exemplos de refilmagens que não deram muito certo ou porque eram ruins mesmo ou porque vieram ao mundo para viver à sombra dos originais. Como explicar “Psicose”, de Gus Van Sant, que não é ruim, mas não tem vida própria? Nos últimos tempos, essa prática acomodada de refazer filmes conhecidos virou febre. Resolvemos listar algumas das refilmagens que não respondem nossa dúvida, mas ajudam a perguntar: por quê?

  • Annie (Will Gluck, 2014)

    Quvenzhané Wallis estava adorável em "Indomável Sonhadora". Foi indicada ao Oscar de atriz aos nove anos de idade, mas o encanto terminou. A nova versão de "Annie" é bem chatinha ? e olha que o filme de John Huston de 1982 já não é grande coisa. Mas era a primeira vez que se levava o musical da Broadway pro cinema ? e sem macular as músicas!

  • Ben-Hur (Timur Belmambetov, 2016)

    Dificilmente 2016 conhecerá um fracasso maior do que essa refilmagem de ?Ben-Hur?, que já ganhou pelo menos duas versões "definitivas" (em 1925 e 1959). O elenco é fraquíssimo, a dramaturgia inexiste, o diretor não tem noção de como fazer um épico clássico e os efeitos visuais são de segunda. Nem o Jesus Cristo de Rodrigo Santoro se salva, embora seja o melhor ator em cena.

  • A Hora e a Vez de Augusto Matraga (Vicente Coimbra, 2015)

    O filme de Vicente Coimbra passou anos sem ser lançado por causa da disputa pelos direitos da obra de Guimarães Rosa. Talvez fosse um sinal. Não existe nada que justifique essa segunda versão em filme do conto de "Sagarana". Na primeira, de Roberto Santos (1965), tudo estava em harmonia com o autor e com o cinema brasileiro da época. Nesta, frágil do começo ao fim, só João Miguel vale uma espiada.

  • A Hora do Pesadelo (Samuel Bayer, 2010)

    Tudo bem que Jackie Earle Haley é um ator muito melhor do que Robert Englund, mas qual a chance de alguém substituir nosso monstrengo favorito dos anos 1980? Bem perto de zero. Essa refilmagem envernizada "limpa" o que a série original tinha de mais legal: o conceito "true" de que absolutamente tudo pode acontecer. Pra que explicação?

  • Oldboy - Dias de Vingança (Spike Lee, 2015)

    Spike Lee, por quê? Por que um diretor tão respeitado, com uma carreira extremamente sólida, um porta-voz da igualdade étnica no cinema e na vida, decidiu refazer um filme cult coreano, talvez o mais conhecido mundo afora? O resultado é anódino, cansativo e parece muito aquém do belo longa original.

  • Poltergeist - O Fenômeno (Gil Kenan, 2015)

    Existe uma prática atual de recriar filmes aproveitando seu conceito, mas criando uma história ou personagens novos (só que não). Dá para imaginar "Poltergeist" sem "venha para a luz, Caroline"? Na verdade, o nome da personagem era Carol Anne, mas a tradução brasileira venceu ao escrever o nome da história, o que esta nova adaptação não conseguiu fazer nem de longe.

  • Sete Homens e um Destino (Antoine Fuqua, 2016)

    Um remake de um remake. A versão de 1959, com Yul Brynner, não chegava aos pés de "Os Sete Samurais", de Akira Kurosawa, no qual se inspirou, mas pelo menos John Sturges soube justificar a adaptação para os Estados Unidos com um faroeste eficiente. Desta vez, nem o bom elenco faz o filme escapar da sina de sombra.