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05/11/2004 - 15h25
Documentário acompanha rastro do ouro nazista na Argentina

Por Hilary Burke

BUENOS AIRES (Reuters) - Um novo documentário repleto de histórias sobre espiões e desembarques secretos de submarinos mostra como os nazistas contrabandearam ouro e dinheiro vivo da Europa para a Argentina, país que foi notório como refúgio seguro para criminosos de guerra no final dos anos 1940.

"Oro Nazi en Argentina", do cineasta argentino Rodolfo Pereyra, visa inovar ao revelar como bancos suíços, bispos católicos e políticos argentinos ajudaram a saquear centenas de milhões de dólares em tesouros do Terceiro Reich.

A fuga de muitos nazistas da Europa para a América do Sul, após a guerra, já foi extensamente documentada. Entre eles estavam o notório médico Josef Mengele, de Auschwitz, e o arquiteto do Holocausto, Adolf Eichman.

Mas a trilha da fortuna roubada em ouro e dinheiro vivo foi muito menos explorada.

Financiado em parte pela HBO, o documentário recria histórias de submarinos nazistas carregados de ouro desembarcando na distante Patagônia argentina, as mortes misteriosas de conspiradores nazistas e maquinações dignas de romances de espionagem, tudo baseado em dez anos de pesquisas.

O filme foi exibido com sucesso na 28a Mostra BR de Cinema, em São Paulo, que terminou na quinta-feira. Até dezembro, será exibido em festivais de cinema na Bélgica, Espanha e Cuba.

"Minha idéia foi conferir ao filme um pouco do ritmo das histórias de espionagem, com espiões espionando espiões... As pessoas curtem isso", disse Pereyra.

SUICÍDIO DE BANQUEIRO FOI SUSPEITO

O filme inclui trechos sobre figuras como Hermann Doerge, um poderoso banqueiro alemão que trabalhou no Banco Central da Argentina na década de 1940 e morreu num suicídio suspeito depois de destruir provas das transferências de riqueza de nazistas, segundo arquivos do banco central e informações da inteligência aliada.

Baseado no livro "Odessa al Sur", do argentino Jorge Camarasa, o filme liga os pontos entre a Suíça, Espanha, Itália, Alemanha e Argentina para mostrar como os nazistas e sua riqueza foram contrabandeados para o Novo Mundo.

Centenas de nazistas se refugiaram na Argentina após a guerra, atraídos pela política de portas abertas do general Juan Domingo Perón, político pragmático que simpatizava com o fascismo. Mas os vínculos nazistas com a elite política e econômica sobreviveram a Perón, disse Pereyra.

"O que nos surpreendeu é que a trilha desse dinheiro contrabandeado leva até os herdeiros de muitas famílias, mesmo nos anos 1980 e 1990", disse o diretor. "Essas pessoas estão ligadas à oligarquia argentina, aos economicamente poderosos do país."

Pereyra foi indicado para um Emmy na década de 1980 por uma reportagem investigativa sobre a morte, queimados vivos, de um jovem casal durante a ditadura militar no Chile.

"Oro Nazi en Argentina" inclui entrevistas feitas na Argentina com Wilfred Von Oven, um antigo assessor do ministro nazista da Propaganda Política, Joseph Goebbels, e com o filho de Erich Priebke, ex-capitão da SS que foi extraditado para a Itália e preso por sua participação no assassinato de 335 civis em Roma em 1944.

Camarasa disse que a importância das investigações é que elas trouxeram à tona conspirações e cumplicidades que ficaram ocultas durante décadas.


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