Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes deste ano, "Gomorra", do diretor italiano Matteo Garrone, traça um painel sombrio e pessimista da máfia siciliana Camorra. Apesar do tema, ele em nada lembra a tradição dos filmes sobre máfia italiana. Esqueça os Corleone e o submundo recriado por Scorsese. Em certo sentido, "Gomorra" está mais para "Cidade de Deus".

São cinco histórias diferentes que revelam a presença da Camorra nos negócios das drogas e das armas, mas também no mundo da moda e do lixo. Alguém mais familiarizado com o assunto deve se lembrar do escândalo do lixo acumulado nas ruas napolitanas, que aconteceu há alguns meses. Essa recordação só torna a exibição de "Gomorra" ainda mais atual e urgente.

O filme radicaliza em seu estilo documental. Há o uso recorrente da câmera na mão, mas também uma narrativa que se isenta de dar explicações sobre os personagens. Além disso, em nenhum momento as histórias chegam a se entrelaçar. O efeito disso é a impressão de que a narrativa fica dispersa, sem coesão.

Garrone busca se afastar do seu objeto para que "Gomorra" não tenha traços de julgamentos morais ou moralizantes, mas os letreiros finais colocam por terra essa possibilidade.

Este retrato desesperançado da violência da Camorra chamou a atenção da crítica européia, chegou a ser apontado como favorito à Palma de Ouro no Festival de Cannes e agora é o candidato da Itália para uma indicação ao Oscar.

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GOMORRA (GOMORRAH), de Matteo Garrone (135'). ITÁLIA. Falado em italiano. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 16 anos.
CINEMATECA - SALA BNDES 17/10/2008 - 18:00 - Sessão: 28 (Sexta)
UNIBANCO ARTEPLEX 1 18/10/2008 - 19:20 - Sessão: 92 (Sábado)
RESERVA CULTURAL 1 19/10/2008 - 20:50 - Sessão: 236 (Domingo)
ESPAÇO UNIBANÇO POMPÉIA 1 25/10/2008 - 16:00 - Sessão: 805 (Sábado)
ESPAÇO UNIBANÇO POMPÉIA 1 26/10/2008 - 15:40 - Sessão: 889 (Domingo)