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30/10/2008 - 19h46

"Che era o lado mais fraco, o sonhador", diz Benício del Toro

Neusa Barbosa
Colaboração para o UOL
Interpretar Che Guevara, o revolucionário argentino que virou herói da Revolução Cubana de 1959 e ícone pop em todo o mundo, em "Che", de Steven Soderbergh, tem dado alegrias ao ator Benicio del Toro (Oscar de coadjuvante em 2001 por Traffic"). Como por exemplo ter vencido o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes 2008, o que de cara o coloca entre uma das principais apostas a uma nova indicação ao Oscar em 2009.

Benício del Toro fala sobre "Che" no lançamento espanhol do filme
Assista ao trailer do filme


"Se isso ajudar as pessoas a virem ver o filme, vou atrás disso", brinca ele, sobre a nova indicação, numa entrevista em São Paulo, onde veio apresentar a primeira sessão pública no Brasil do filme de 4 horas e 28 minutos, nesta quinta (30), no Unibanco Arteplex, dentro da programação da Mostra Internacional de Cinema. O filme será exibido novamente amanhã (31), às 18h10, no Cinesesc.

O Brasil será, aliás, o segundo país latino-americano a receber o lançamento comercial do filme, que será dividido em duas partes. A primeira parte será lançada em fevereiro, a segunda, em maio de 2009. Na Argentina, como informou a produtora Laura Bickford, "Che" estará nos cinemas já no próximo dia 17 de novembro.

Para Benicio del Toro, o maior esforço para interpretar Che foi a rapidez exigida pelas filmagens, realizadas na Espanha, Bolívia, México, Nova York e Porto Rico - em Cuba, devido ao embargo norte-americano à ilha, norte-americanos não poderiam filmar (embora tenha os produtores Laura Bickford e Benicio del Toro e o diretor Soderbergh tenha visitado a ilha legalmente para pesquisas). "Fizemos em apenas um dia o que normalmente se faz num filme em dois ou três dias - todos os dias. Você tem que ficar focado o tempo todo e ainda acertar o tom", acentua.


Para quem imagina que a experiência assim rápida lhe pareceu desagradável, ele logo desfaz a impressão: "No final, você acaba achando isso muito excitante e até esperando que todos os filmes sejam assim, e não são". Logo depois de "Che", Benicio filmou a aventura "The Wolfman", de Joe Johnston e sentiu a diferença. "Você cai na velha rotina, a cada meia hora filma dez minutos. Mais uma hora e volta para um close. Depois, volto ao meu trailer e passam-se mais dez minutos. Foi o exato oposto de 'Che' em todos os sentidos".

Che de carne e osso



O ator portorriquenho - que é também um dos produtores da fita - destacou ter procurado retratar Che "como um ser humano de carne e osso". Nesse sentido, lhe foi muito útil uma viagem que fez à Argentina, em Córdoba.

Benicio conta que o Che nasceu em Rosário mas, como sofria de asma, toda sua família se mudou para Córdoba, porque lá o clima era seco e isto era bom para o menino. Esse detalhe o emocionou muito: "Isto me deu o sentido de quanto este cara era cercado de amor e nutrido por uma família que fazia uma coisa dessas, que se importava por essa criaturinha a ponto de mudar de cidade. Há muitos outros fatos assim sobre ele, mas este me abalou muito".

O ator também estudou bastante os gestos de Che, especialmente a partir de suas fotos. "Procurei reparar no modo como cruzava as pernas, como se sentava".

Atuar em espanhol também não foi fácil. "Pensei que ia ser simples, não foi. Porque não se trata só de falar outra língua e sim de também atuar. E venho atuando em inglês há muitos anos. Eu sonho em inglês! Você adquire um ritmo enquanto fala, enquanto escuta. Quando muda para outra língua, perde tudo isso. Você não pode apenas usar os truques da outra língua. Isso é provavelmente o mais difícil".

Benicio também faz questão de lembrar que "o que está no filme não é Che Guevara, é minha interpretação do que aprendi sobre ele". E o que ele acha dele ? "Ele era o lado mais fraco, o sonhador, e é sempre incrível interpretar uma pessoa assim. Sempre simpatizamos com eles, não podemos evitar".

Ao lado de Santoro



Falando de contracenar com Rodrigo Santoro, que interpreta o atual presidente cubano, Raul Castro, Benicio faz grandes elogios ao brasileiro. "Acho que ele tem uma qualidade que realmente admiro e gosto de pensar que também tenho, que é a tenacidade. Sabemos que ele é uma estrela e veio nos dar uma mão com seu talento. Apreciamos isto, foi um prazer trabalhar com ele. Ele sempre queria saber mais sobre o que estava acontecendo para fazer uma cena. Será muito estimulante ver o que ele fará no futuro e dá para ver que será importante".

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