SÃO PAULO (Reuters) - A 30a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo traz nesta quarta-feira, penúltimo dia da programação normal, o nacional "Proibido Proibir", que marca a volta à direção do experiente roteirista chileno radicado no Brasil Jorge Durán.
Autor de roteiros de filmes como "Pixote -- A Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco, e "Como Nascem os Anjos" (1996), de Murilo Sales, Durán estreou como diretor em 1986, com o drama político "A Cor de seu Destino", vencedor de cinco prêmios em Gramado, inclusive os de melhor filme e diretor.
Com este novo trabalho, Durán já venceu alguns prêmios no exterior, como o de melhor diretor no Festival de Valdivia (Espanha) e também melhor filme no Festival de Biarritz.
"Proibido Proibir" tem uma grande energia jovem, fiel à paixão, dinamismo e impulsividade próprias de quem tem 20 anos, algo até certo ponto surpreendente ao se pensar que o diretor já entrou na casa dos 60 (nasceu em 1942).
O diretor extrai o melhor de um ótimo roteiro, de sua autoria, e de seu trio de intérpretes, composto por Alexandre Rodrigues (de "Cidade de Deus"), Maria Flor e Caio Blat -- este último, prometendo ser o ator da hora, aparecendo numa safra de bons filmes brasileiros que começará brevemente a estrear nas salas.
Caso de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, "Batismo de Sangue", de Helvécio Ratton, e "Não por Acaso", de Philippe Barcinski.
Caio interpreta Paulo, estudante de Medicina na Universidade Federal Fluminense, no Rio, que tem como melhor amigo o estudante de Sociologia Leon (Alexandre). Eles dividem tudo, apartamento, falta de dinheiro, noitadas com cerveja e tudo o mais. Só fica complicado quando surge uma atração entre Paulo e a nova namorada de Leon, a estudante de Arquitetura Letícia (Maria Flor).
Temperando o romantismo num estilo libertário, que homenageia "Jules e Jim" (o inesquecível clássico do francês François Truffaut), o trio de jovens tem um contato direto com a dura realidade social brasileira, e isto só engrandece o filme.
Paulo cuida de uma paciente (Edyr Duqui) internada com doença grave no Hospital Universitário. Há muito ela perdeu contato com os dois filhos, que moram numa favela. Tentando ajudá-la, Paulo, Leon e Letícia vão procurá-los e se deparam com a violência policial e outros desafios que só o seu idealismo não dá conta de resolver.
"Proibido Proibir" aborda a esfera social e política partindo de um registro individual e intimista. E cria uma ponte verossímil e emotiva entre os dois mundos. O filme é exibido pela última vez na mostra nesta quarta-feira, às 20h20, no Cine Bombril 1.
(Neusa Barbosa e Alysson Oliveira, do Cineweb)