SÃO PAULO (Reuters) - Romance, ficção científica e misticismo. Depois de dois filmes pequenos e de bom resultado, "Pi" e "Réquiem Para um Sonho", o diretor norte-americano Darren Aronofsky se aventura em algo bem mais ambicioso e pessoal com "Fonte da Vida", que pode ser visto nesta quinta-feira na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Aronofsky trabalhou nesse projeto há anos e quase teve que cancelá-lo devido ao alto orçamento. Para conseguir viabilizá-lo, cortou os gastos pela metade ao reescrever o roteiro.
Todos esses cortes ficam evidentes e acabaram resultando num filme confuso, com idas e vindas no tempo.
"Fonte da Vida" segue a luta de um casal ao longo de três séculos tentando vencer a morte. Fica claro que Aronofsky pretende celebrar a força do amor eterno e o triunfo sobre a morte. Para isso, o filme repete cenas em séculos distintos, diálogos e símbolos. No entanto, o resultado nunca vai além de um misticismo barato, que se torna mais vazio com a trilha minimalista e new age de Clint Mansell.
O diretor e roteirista quer cruzar três gêneros num filme -- tudo ligado por uma história de amor. No passado, situa-se um épico histórico, no qual uma rainha européia delega a um conquistador a tarefa de encontrar uma árvore mítica perdida no meio da civilização Maia. No futuro, há uma ficção científica, em que um homem conduz uma árvore dentro de uma bolha rumo a uma estrela que está morrendo -- e nesse lugar pode-se originar vida.
O segmento menos problemático é o que se passa no presente, dominado por um drama hospitalar. Um pesquisador luta contra o tempo em busca de uma forma de curar um tumor cerebral que consome a vida de sua amada.
O personagem masculino é sempre interpretado por Hugh Jackman e o feminino, por Rachel Weisz. Embora os dois já sejam comprovadamente talentosos, não há muito o que possam fazer uma vez que seus personagens não têm muita profundidade psicológica ou emocional.
Várias vezes alguns personagens repetem a frase "A morte é o caminho para o sublime". Essa idéia é o que tenta dar conexão aos segmentos, mas isso nunca se concretiza. Aqui, a morte parece vazia e sem sentido -- desnecessária. Assim como o filme. Não por acaso, "Fonte da Vida" foi vaiado quando apresentado em competição no Festival de Veneza, em setembro.
A última sessão do filme na 30a Mostra acontece nesta quinta-feira, às 19h, no Cine Morumbi Shopping.
(Neusa Barbosa e Alysson Oliveira, do Cineweb)