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28/10/2009 - 04h24

"This Is It" retrata Michael Jackson de maneira leve e sincera

MARINA VERGUEIRO
Colaboração para o UOL
Maiores que os números gerados por Michael Jackson em vida, definitivamente, são aqueles que se multiplicaram e se multiplicarão após sua morte em 25 de junho deste ano. CDs, DVDs e royalties à parte, os produtores de "This Is It", documentário sobre a última turnê que o cantor faria, esperam arrecadar US$ 600 milhões apenas nas duas próximas semanas, período em que o filme ficará em cartaz simultaneamente no mundo inteiro.

E a probabilidade de que os lucros da produção sejam imensos é altíssima, não apenas pela quantidade de fãs fervorosos do rei do pop, não somente pela curiosidade de milhares de outras pessoas que são atraídas pelo marketing e pela mídia, mas, antes de qualquer coisa, pela maneira leve e sincera que o diretor Kenny Ortega soube retratá-lo em apenas 112 minutos, sem discorrer absolutamente nada sobre sua carreira, vida ou mesmo morte. Afinal de contas, Michael Jackson é Michael Jackson e uma introdução ao assunto seria redundante para qualquer ser humano que viveu nas últimas 4 décadas.
Enfim, esta não é uma cinebiografia, menos ainda um filme-homenagem, "This Is It" é uma viagem pela mente criativa de Michael sob o ponto de vista de um parceiro e admirador, Kenny Ortega, que não apenas registra o gênio em seu habitat natural, o palco, como revela os bastidores de uma mega-produção que tinha tudo para ser o maior show da história da música pop. Sem sombra de dúvidas.

Ora, estamos falando de um artista recluso, um ser humano polêmico, uma mente brilhante, porém indiscutivelmente perturbada, que há anos guardava (ou reprimia?) toda sua criatividade e seus desejos e impulsos como músico e dançarino para libertá-los, de uma vez por todas, em 50 shows na cidade de Londres. Soma-se a isso um investimento milionário e as produções espetaculares que somente os americanos sabem fazer, por muito pouco não se realizou o que seria a maior turnê de todos os tempos.

O diretor Kenny Ortega, que também é produtor, coreógrafo e assina a direção do show, esclarece desde a primeira cena que "This Is It" não é sobre Michael Jackson em si, mas sobre o que ele representa e como a obra dele emociona e inspira milhares de fãs. A começar pelos bailarinos, que disputam uma vaga ao lado de MJ na turnê, e terminam sendo as grandes estrelas do filme. Eles vêm dos lugares mais longínquos do planeta, sem expectativas e cheios de inseguranças, apenas esperançosos de dançarem ao lado do ídolo... E acabam sendo os únicos e privilegiados fãs a presenciar o rei nos palcos novamente, por tão pouco tempo, pela última vez...

ASSISTA AO TRAILER LEGENDADO DE "THIS IS IT"

Durante os ensaios, os dançarinos (os que não estavam trabalhando no momento) faziam questão de aplaudir cada movimento e nota emitidos por Michael, além de prestar atenção nas observações com as quais o mestre fazia questão de interromper os ensaios e frisar, sempre com muito "amor". Explico-me. É evidente que o músico tem consciência de como sua mera presença é capaz de intimidar as pessoas, ainda mais aqueles que estão trabalhando de "igual pra igual" com ele, por isso a cada interrupção (MJ é um perfeccionista) ele repetia, sem falta, que suas palavras todas eram "com amor".

Evidente, também, é como Michael se sente à vontade no palco e feliz por estar ensaiando ao lado de artistas que meticulosamente ajudou a escolher. Um dos trunfos de "This is It" é mostrar a maneira como o músico faz questão de estar presente em cada etapa da produção, desde os testes para dançarinos aos curtas-metragens que precediam as canções mais famosas, como "Thriller" e "Smooth Criminal", onde contracena com a famosa personagem de Rita Hayworth, Gilda. Sempre com um sorriso no rosto, tímido, mas definido. O rei estava feliz.

Com a silhueta franzina e o aspecto feminino, o artista flutua sobre o palco como se décadas não tivessem passado, canta de maneira quase angelical e cria como se estivesse no cume de sua vida artística. Não é uma tarefa fácil, por isso não é uma tarefa para qualquer um. Sabe-se lá quantos remédios, porquê tantos, mas uma coisa é certa, não era fácil ser Michael Jackson.

O filme estreia mundialmente nesta quarta-feira (28) e fica em cartaz pelas próximas duas semanas.

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