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Misticismo de Terrence Malick em "To the Wonder" encanta espectadores de Veneza

A atriz ucraniana Olga Kurylenko promove o filme  "To the wonder", de Terrence Malick, no 69º Festival de Veneza (2/9/12) - AFP
A atriz ucraniana Olga Kurylenko promove o filme "To the wonder", de Terrence Malick, no 69º Festival de Veneza (2/9/12) Imagem: AFP

02/09/2012 14h13

O Festival de Veneza foi tomado neste domingo pelas belas imagens místicas do celebrado diretor americano Terrence Malick, que disputa o Leão de Ouro com o filme "To the wonder", uma história de puro amor e sentimento.

O recluso diretor americano, vencedor da Palma de Ouro de 2011 em Cannes com o controverso "A Árvore da Vida", que detesta aparecer em público e não viajou a Veneza, descreve em seu filme o amor e os conflitos de um casal franco-americano, dividido entre dois continentes, com cenas de glória e dor, afeto e tormento.

Ben Affleck, Olga Kurylenko e Rachel McAdams protagonizam o drama, que tem uma participação pequena do espanhol Javier Bardem, no papel de um padre com crise de vocação.


Com uma fotografia espetacular, marcada por campos dourados, entardeceres em Oklahoma, caminhadas por praças, ruas e pontes de Paris, além de belas imagens das praias de Mont Saint Michel, o filme conquista o espectador ao transmitir através de paisagens tanto o entusiasmo por um amor nascente como o desconsolo por seu fracasso.

"É mais difícil em uma relação ser o que menos ama, porque você deve ser forte". Esta é a sábia e quase única frase pronunciada por Affleck ante o naufrágio de seu casamento após várias separações e reconciliações.

A convivência, a rotina, o silêncio arruínam o matrimônio, decidido de maneira precipitada para resolver problemas de visto.

"É um filme abstrato", afirmou o diretor de fotografia, Emmanuel Lubezki, pois, segundo ele, utiliza um ritmo e uma linguagem não convencionais, com longos silêncios dedicados a instantes belos e sensuais vividos pelo casal.

A voz em off serve como uma espécie de elaboração filosófica da dor amorosa, tanto terrena como divina, uma constante no cinema de Malick, de 69 anos, professor de Filosofia formado na prestigiosa Universidade de Harvard.

Os atores, que não foram a Veneza - Bardem, Affleck e McAdams -, trabalharam sem roteiro ou iluminação artificial.

"É um filme sem palavras porque o silêncio é mais poderoso, a mensagem é sentida com o coração", explicou Kurylenko.

O amor segundo Burshtein Na mostra oficial também foi exibido neste domingo o israelense "Lemale et ha'chalal", de Rama Burshtein, que estreia no cinema com uma tragicomédia sobre uma família de judeus ortodoxos que busca uma esposa para um jovem viúvo.

"Lamale et ha'chalal" ("Preencher o espaço") representa outro olhar, completamente diferente, da relação do casal e do matrimônio.

Ambientado em Tel Aviv, o filme, como diz a cineasta, convertida ao judaísmo ortodoxo, relata "a combinação de dor e alegria que é a vida", e de uma maneira particular aborda os mesmos temas de Malick.

O filme é uma história sobre o dever de Shira, filha mais nova de uma família judaica ortodoxa, de decidir entre o desejo de seguir o que manda seu coração ou cumprir as exigências dos pais.