Robert Redford diz que debate sobre cinema e violência chegou tarde
O estudo sobre o impacto do cinema na violência que acontece na vida real "não só é apropriado, mas chega com atraso", disse o cineasta Robert Redford na abertura, esta quinta-feira (17), do festival de cinema independente de Sundance.
O fundador de Sundace também sugeriu um possível vínculo entre as armas e os ganhos de bilheteria, em uma coletiva em Park City, nas montanhas de Utah (oeste dos Estados Unidos).
"Lembro que quando começamos Sundance em 1980, (o presidente Ronald) Reagan levou um tiro. E eu me lembro que se falou de controle de armas então", disse Redford ao ser consultado sobre a discussão desatada no mês passado pelo massacre em uma escola de Newton (Connecticut, nordeste).
"Passaram 30 anos e me parece que este diálogo não só é apropriado, como chega com atraso", disse.
Após a matança em Newton que deixou 20 crianças e seis adultos mortos, o presidente Barack Obama propôs na quarta-feira para reinstaurar a proibição de compra de rifles de assalto e carregadores de alta capacidade, bem como levar um registro de todas as vendas de armas no país.
Redford, que co-estrelou o clássico "Butch Cassidi and Sundance Kid", disse que há pouco caminhava por Los Angeles quando viu dois enormes cartazes promovendo dois sucessos de bilheteria em que os atores usavam armas.
"Pensei se minha indústria acredita que as armas ajudam a vender ingressos. Não sei, é uma pergunta. Talvez sim", questionou. "Parece uma pergunta que vale à pena fazer, talvez haja uma razão".
Fundado por Redford para dar visibilidade às produções independentes americanas e internacionais, Sundance é uma voz dissonante e única em um mercado amplamente dominado por Hollywood.
O festival, que se celebra de quinta-feira até 27 de janeiro, apresentará 119 longas-metragens de 32 países, entre os quais 51 filmes de estreia. Mais de uma centena desses filmes fazem aqui seu lançamento mundial.
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