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Autora de "Mary Poppins" acharia filme com Hanks "ridículo", diz Emma Thompson

Los Angeles, EUA

19/12/2013 12h13

A Disney mergulha na própria história com "Walt nos Bastidores de Mary Poppins" ("Saving Mr. Banks" no original), que narra a conturbada criação do clássico "Mary Poppins" e o esforço de Walt Disney para convencer a escritora P.L. Travers a levar sua obra ao cinema.

Com a mistura de emoção e humor, além do ar romântico, o filme, que estreia na sexta-feira (20) na América do Norte e no dia 7 de fevereiro no Brasil, é considerado um sério candidato ao Oscar.

A britânica Emma Thompson, que interpreta P.L. Travers, já foi indicada ao SAG (prêmio do Sindicato dos Atores) e ao Globo de Ouro.

O filme, dirigido por John Lee Hancock ("Um Sonho Possível"), mostra as duas semanas que P.L. Travers passou nos estúdios Disney em 1961 para trabalhar na possível adaptação de "Mary Poppins", que teve o primeiro livro publicado em 1934.

Na época, Walt Disney (interpretado por Tom Hanks) tentava em vão, há 20 anos, convencer a escritora a vender para ele os direitos de adaptação ao cinema da história da babá e sua famosa mala.

Com o desenvolvimento da produção do filme, um musical infantil que uniu atores e personagens animados e que fez história no cinema, Disney convidou Travers a colaborar com o roteiro e com os compositores Robert e Richard Sherman, esperando assim ganhar a confiança da escritora, mas nunca imaginou a profunda hostilidade da autora.

Para encarnar P.L. Travers, Emma Thompson se aprofundou na biografia da escritora, cujo nome verdadeiro era Helen Lyndon Goff, britânica por adoção, mas australiana de nascimento.

"De um lado, enfrentava um monstro aterrorizante. Mas, de outro descobria, uma menina maltratada. Ela era a mais incrível das misturas", declarou a atriz recentemente.

"No cinema, geralmente interpretamos pessoas que têm uma coerência emocional, ou pelo menos moral. (P.L. Travers) não era coerente, você não sabia o que esperar de um minuto para o outro", completou.

"Filme ridículo"
O filme foi construído com frequentes flashbacks da infância da escritora na Austrália, marcada pela admiração sem limites pelo pai, um banqueiro sonhador e alcoólatra, que respondia pelo nome de Travers.

"Cada vez que Travers aparece na tela, descobrimos uma etapa de sua vida e, sobretudo, uma etapa de sua desintegração, como homem e como pai", disse à AFP Colin Farrell, que interpreta esta figura paternal e ao mesmo tempo imatura.

"Ele era casado, com três filhos, mas emocionalmente não conseguia superar a infância", disse.

"Por outro lado, eu não penso que se deva abandonar por completo a infância. Temos apenas que nos adaptar a este mundo chamado maturidade, que pode ser terrivelmente banal e cínico".

Muito romântico, o filme provavelmente não oferece uma representação precisa dos acontecimentos, mas a proposta é atrativa e baseada, em parte, nas recordações de pessoas ligadas ao projeto, em especial sobre a criação dos inesquecíveis sucessos musicais de "Mary Poppins".

O compositor Richard Sherman, que formava uma dupla com o irmão Robert, "foi literalmente uma fonte inesgotável de histórias, fatos, curiosidades e detalhes sobre o que aconteceu", disse Hanks.

O ator, também produtor do filme, considera a história um exemplo perfeito da tenacidade que um produtor pode demonstrar quando deseja concretizar um projeto.

"Naquele momento, Walt Disney conseguia quase tudo o que queria porque todos o amavam e ele havia criado o Mickey. No processo de criação, que é realmente o tema do filme, você pode encontrar grandes dificuldades, mas deve perseverar", afirmou.

O que teria pensado a intransigente P.L. Travers de "Saving Mr. Banks"? Emma Thompson não hesita em responder: "Ela teria afirmado 'Este filme é absolutamente ridículo! Não tem nenhuma relação, de perto ou longe, com o que aconteceu. Mas é sobre mim. E o figurino é realmente bonito'".