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Hollywood discrimina mulheres diretoras, diz associação de direitos civis

A cineasta Kathryn Bigelow, a primeira mulher a vencer o Oscar de melhor direção - AP
A cineasta Kathryn Bigelow, a primeira mulher a vencer o Oscar de melhor direção Imagem: AP

De Los Angeles

12/05/2015 18h00

A American Civil Liberties Union (ACLU) pediu nesta terça-feira (12) que o governo trabalhe para resolver "a exclusão generalizada de mulheres diretoras" na indústria do cinema e da televisão nos Estados Unidos.

Em uma carta dirigida às autoridades federais e de direitos civis da Califórnia, a ACLU argumenta que as diretoras enfrentam "um padrão sistemático de discriminação e exclusão" que não pode mais ser tolerado.

"Hollywood não tem autonomia quando se trata de direitos civis", disse à AFP Melissa Goodman, advogada da ACLU em Los Angeles envolvida na campanha.

A ACLU, líder na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, acredita que o monitoramento e a pressão do governo são necessários para resolver o problema.

A carta de 15 páginas foi publicada às vésperas do Festival de Cannes, na França.

O chamado à ação faz parte de meses de entrevistas e coleta de dados com 50 diretoras que, segundo Goodman, preferem permanecer anônimas por enquanto.

"De acordo com estimativas, hoje menos mulheres estão trabalhando como diretoras de cinema e televisão do que há duas décadas", afirmou a ACLU em um comunicado.

Segundo a organização, em 2014 as diretoras foram responsáveis por apenas 7% dos 250 principais filmes do ano, dois pontos a menos em relação a 1998.

Enquanto isso, na televisão, 70 séries de televisão, cerca de um terço do total, não empregaram sequer uma mulher para dirigir seus episódios.

"O fracasso em recrutar diretoras de cinema e de televisão não pode ser atribuído à falta de mulheres qualificadas interessadas", argumentou a ACLU.

As mulheres são "bem representadas" nas melhores escolas de cinema, e o número de mulheres estudando para ser diretoras é "quase igual" ao de homens.

No entanto, as diretoras consideram "uma prática intencional e discriminatória" das empresas de cinema, redes de TV e produtores ao considerar contratá-las, disse a ACLU.

Apenas quatro mulheres foram nomeadas até hoje para o Oscar de Melhor Diretor e apenas uma venceu - Kathryn Bigelow em 2010, pelo filme "The Hurt Locker" ("Guerra ao Terror").