Topo

Filme sobre prostituição exibido em Cannes é proibido no Marrocos

Cena do filme "Much Loved", do diretor Nabil Ayouch, proibido no Marrocos - Reprodução
Cena do filme "Much Loved", do diretor Nabil Ayouch, proibido no Marrocos Imagem: Reprodução

De Rabat (Marrocos)

25/05/2015 21h59

O filme "Much Loved", do cineasta Nabil Ayouch, apresentado na última edição do Festival de Cannes, será proibido no Marrocos porque representa um "ultraje grave aos valores morais e à mulher marroquina", anunciou o governo do país nesta segunda-feira (25).

A história aborda o tema da prostituição no Marrocos por meio de histórias de várias mulheres. A difusão de alguns trechos nos últimos dias provocou intensas reações no país, contra seu diretor e a atriz principal, Loubna Abidar.

O governo, liderado por islamitas do partido Justiça e Desenvolvimento, anunciou na noite de segunda-feira que não vai autorizar sua estreia.

"As autoridades marroquinas competentes decidiram não autorizar sua projeção", indicou o Ministério da Comunicação em um comunicado.

Uma equipe do Centro Cinematográfico Marroquino (CCM), instância encarregada de conceder as autorizações de exploração, "viu o filme durante sua projeção durante um festival internacional", em alusão à sua apresentação na Quinzena dos Diretores de Cannes.

"Representa um ultraje grave aos valores morais e à mulher marroquina e uma afronta flagrante à imagem do reino", acrescentou o texto, citado pela agência MAP.

Uma associação marroquina informou nesta segunda-feira que interpôs uma denúncia "contra Nabil Ayouch, Loubna Abidar e todos os que contribuíram para o filme".

"Prejudica diretamente Marrakech (onde a trama se passa, n.d.r) e suas mulheres e, mais amplamente, o Marrocos", disse o presidente da Associação Marroquina de Defesa dos Cidadãos (AMDC), Moustapha Hassnaoui.

Nabil Ayouch, de 46 anos, conhecido, sobretudo, por "Os Cavalos de Deus" (2012), declarou recentemente que "a prostituição está ao nosso redor e, ao invés de nos negarmos a vê-la, devemos tentar entender como mulheres que tiveram uma trajetória difícil chegaram a ela.

Ayouch informou que antes de rodar o filme, reuniu-se com 200 a 300 mulheres jovens que são ou foram prostitutas.