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Você sabe quem elege os vencedores do Globo de Ouro?

08/01/2017 13h11

Milhões de pessoas vão assistir neste domingo (8) a entrega do Globo de Ouro, a festa que abre a temporada de prêmios em Hollywood e que definem o destino de muitos filmes no Oscar. No Brasil, a cerimônia será transmitida pela TNT a partir das 22h. Mas poucos sabem que o prêmio é entregue pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA), um clube exclusivo e secreto integrado por 90 jornalistas, alguns de veículos de comunicação reconhecidos, outros de publicações desconhecidas.

A HFPA, que foi fundada em 1943 por um pequeno grupo de correspondentes que buscava mais acesso na indústria do cinema, foi crescendo com os anos e se tornou-se a organizadora de uma das cerimônias mais glamourosas de Hollywood.

Transmitida por NBC para todo o mundo, o Globo de Ouro, que acontece em Los Angeles, premia o melhor do cinema e da televisão, e dá projeção a filmes que acabam virando favoritos ao cobiçado Oscar.

"A Academia é bastante convencional em seu gosto quando se trata de filmes estrangeiros, muitos de seus membros preferem uma narrativa mais linear. Nem sempre é o caso da HFPA. Suas escolhas são muitas vezes mais interessantes", afirma Fredell Pogodin, publicitária especializada em produções em idioma que não inglês.

Críticos afirmam que o Globo de Ouro é apenas uma ferramenta de publicidade para os estúdios. "Era considerado uma piada em Hollywood e deixou de ser quando viram que o programa tinha boa audiência. Aí agentes, publicitários e executivos de estúdio vi que era uma forma de divulgar seus produtos', explica Howard Suber, que ensina cinema na Universidade da Califórnia em Los Angeles há 51 anos.

Como tornar-se membro da HFPA

Qualquer jornalista estrangeiro que quer tornar-se membro da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood deve ser avaliado por dois integrantes da associação. O pedido pode ser negado caso um dos dois se oponha. Uma vez admitido, o jornalista deve produzir seis artigos por ano para manter seu status e receber acesso a coletivas de imprensa e eventos especiais sem restrições.

Grandes veículos de comunicação como o francês Le Monde, o britânico The Times ou o neozelandês Herald já se queixaram no passado de terem sido excluídos do "clubinho".

A associação também se viu envolvida em uma série de escândalos. Em 2011, seu ex-publicista Michael Russell denunciou na Justiça que "membros da HFPA abusavam de sua posição e fechavam acordos não muito éticos e potencialmente ilegais que equivaliam a uma rede de propinas".

O ex-presidente do grupo, Philip Berk, teve que, por exemplo, pedir uma licença da organização em 2014 depois que membros o criticaram pelo que escreveu sobre eles em suas memórias. Até o comediante Ricky Gervais, quatro vezes anfitrião do evento, insinuou que os prêmios são comprados pelos estúdios.

"Os Globos de Ouro são para o Oscar o que Kim Kardashian é para Kate Middleton. Um pouco mais barulhentos, marginais, bêbados e muito fáceis de comprar", disparou em seu monólogo durante a cerimônia de 2012.

Um dos maiores escândalos aconteceu com o prêmio que Pia Zadora ganhou em 1982 por "Butterfly" e que muitos suspeitaram que se devia a uma viagem com tudo pago que o marido da atriz, o magnata Meshulam Riklis, ofereceu a membros da HFPA para uma projeção privada em Las Vegas. A associação sempre negou que a 'junket' (viagem paga) tivesse influenciado em sua decisão.

Deixando para trás os escândalos, nos últimos anos a organização buscou atrair membros mais jovens e ganhou elogios por suas obras de caridade.

O presidente da HFPA, Lorenzo Soria, membro desde 1989, disse à AFP que quatro novos membros foram admitidos no ano passado, incluindo dois da China, mas explicou que cada vez mais há menos correspondentes para recrutar. "Muitas publicações não podem ter tantos correspondentes como no passado", indicou.

Milhões de pessoas verão o Globo de Ouro, mas especialistas concordam que a associação tem um longo caminho a percorrer para ganhar a credibilidade do Oscar, onde votam 6 mil pessoas, todos relacionados à indústria.