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"Poderoso chefão" de Hollywood é acusado de assédio sexual por décadas

O produtor Harvey Weinstein posa durante o Festival de Cannes - 	AFP/Getty Images
O produtor Harvey Weinstein posa durante o Festival de Cannes Imagem: AFP/Getty Images

De Los Angeles (EUA)

05/10/2017 19h32

O produtor de Hollywood Harvey Weinstein pediu desculpas nesta quinta-feira e anunciou que irá tirar uma licença após o "New York Times" publicar um relato acusando-o de assédio sexual durante décadas.

"Considero que o modo como me comportei com colegas no passado causou muita dor e peço minhas sinceras desculpas por isso", disse o magnata dos filmes em declaração ao Times após a história ser publicada.

Weinstein acrescentou que contratou terapeutas e planeja tirar uma licença "para lidar com essa questão".

"Embora esteja tentando fazer o melhor, sei que o caminho será longo. Meu caminho agora será conhecer e dominar os meus demônios. Planejo tirar um tempo livre da minha empresa e cuidar deste problema primeiro", acrescentou.

"Cresci nos anos 1960 e 1970 quando todas as regras sobre o comportamento e os lugares de trabalho eram diferentes", continuou o produtor de 65 anos. "Era a cultura dessa época, e aprendi desde então que não é uma desculpa, na companhia ou em outro lugar", acrescentou.

Também fez uma declaração afirmando que respeitava as mulheres e gostaria de ter uma segunda chance, embora saiba que tem "que trabalhar para conquistar isso".

"Tenho metas que agora são prioridades", assegurou. "Confiem em mim, esse não é um processo do dia para a noite. Estive tentando durante 10 anos e essa é uma chamada de atenção", continuou.

Contou que há um ano começou a organizar uma fundação de cinco milhões de dólares para conceder bolsas a diretoras mulheres na Universidade do Sul da Califórnia.

"Levará o nome da minha mãe e não a decepcionarei", disse.

Lisa Bloom, uma das advogadas de Weinstein, especializada em casos de assédio sexual, disse em declaração separada que seu cliente "nega muitas das declarações, que são claramente falsas".

Segundo o Times, o suposto comportamento inadequado de Weinstein teria ocorrido há quase três décadas e o magnata teria feito acordos particulares com pelo menos oito mulheres.

Entre as acusadoras, relatou o Times, estão celebridades Rose McGowan e atriz Ashley Judd. Esta última se lembra de ter sido convidada para a suíte de Weinstein em um elegante hotel de Beverly Hills há 20 anos, esperando ter um café da manhã de negócios.

Ao invés disso, contou a atriz, Weinstein apareceu usando um roupão e perguntando se ela queria fazer uma massagem nele ou vê-lo tomando banho.

Duas ex-assistentes e uma modelo italiana fizeram acusações semelhantes, e supostamente chegaram a um acordo.

Uma das assistentes foi supostamente assediada por Weinstein para que lhe fizesse uma massagem enquanto estava nu, deixando-a "chorando e muito angustiada", nas palavras de uma colega de trabalho, Lauren O'Connor, segundo o Times.

O'Connor assegurou que Weinstein criou "um ambiente tóxico para as mulheres" em sua empresa.

Muitas pessoas da indústria do entretenimento falaram nesta quinta após a publicação do Times, expressando o seu apoio às supostas vítimas.

A atriz, autora e diretora Lena Dunham tuitou: "as mulheres que escolheram falar de sua experiência de assédio por Harvey Weinstein merecem a nossa admiração. Não é divertido nem fácil. É corajoso".

Harvey Weinstein criou a produtora Miramax no fim dos anos 1970 com seu irmão e depois a vendeu para Disney. Posteriormente, os dois criaram a The Weinstein Company e produziram sucessos como "O Discurso do Rei", "O Mordomo da Casa Branca" e "O Jogo da Imitação".

Weinstein é considerado um dos homens importantes de Hollywood e muitos de seus filmes venceram prêmios Oscar, incluindo "Gênio Indomável" e "O Artista".