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Ícone do novo cinema latino-americano, Fernando Birri morre aos 92 anos

O cineasta Fernando Birri no Festival de Veneza de 2005 - Pascal Le Segretain/Getty Images
O cineasta Fernando Birri no Festival de Veneza de 2005 Imagem: Pascal Le Segretain/Getty Images

De Buenos Aires (Argentina)

28/12/2017 17h41

O cineasta argentino Fernando Birri, considerado o "pai do novo cinema latino-americano", morreu aos 92 anos em Roma, informou nesta quinta (28) no Twitter o Instituto Nacional de Cinema e Artes Visuais da Argentina (Incaa).

"O Espaço Incaa Fernando Birri realizará um ato em homenagem ao pai do Novo Cinema Latino-americano, falecido ontem [quarta-feira]", tuitou o órgão oficial argentino.

Birri foi o fundador da famosa Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, em Cuba, e em 15 de dezembro de 1986 pronunciou o discurso de inauguração, antes de abraçar o líder da revolução cubana, Fidel Castro.

Essas imagens e suas palavras ficaram registradas e fazem parte do documentário "Ata tu arado a una estrella", da argentina Carmen Guarini, um tributo a Birri apresentado fora de competição em novembro passado no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata (sul).

A publicação do Ministério da Cultura de Cuba, La Jiribilla, lamentou a morte do diretor, que fez "importantes contribuições à cinematografia continental, em seu empenho por expressar com autenticidade a história regional".

"Espera-se utilizar o cinema a serviço da Universidade, e a Universidade a serviço da educação popular", disse Birri certa vez, lembrou a Universidade Nacional do Litoral, ao lamentar sua morte.

"Até sempre, presidente", anunciou em sua página de Facebook o Festival de Cinema Latino-americano, que Birri fundou em 1985 em Trieste, nordeste da Itália.

"Apesar da dor", o festival quis prestar uma homenagem à altura de seu presidente: "Imaginativo, hiperbólico, irreverente, dissonante, grandiloquente, genial mas também poético, sonhador e inspirador", acrescentou.

O diretor estava doente há vários anos e morreu em um hospital da capital italiana.

Birri nasceu na província de Santa Fe, em 13 de março de 1925, onde realizou seu primeiro curta-metragem, "Tire Dié" (1960), de acordo com o site especializado "Otros Cines".

Neto de um anarquista do nordeste da Itália embarcado para a Argentina pelas forças de segurança no final do século 19, Fernando Birri fez o caminho inverso para estudar no Centro Experimental de Cinematografia de Roma, de 1950 a 1953, antes de voltar a Santa Fe e fundar um instituto de cinema.

Em 1961, seu longa-metragem "Los Inundados" ganhou o prêmio de obra-prima na Mostra de Veneza. Depois chegaram "La Pampa Gringa" (1963), "Org" (1978), "Mi Hijo el Che" (1985), "Che, ¿Muerte de una Utopía?" (1997), "El Siglo del Viento" (1999) e "El Fausto Criollo" (2011), seu último filme.

O cineasta recebeu o Prêmio Coral de Honra no VIII Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano, em Havana, em 1986. Em 2010, ganhou o Cóndor de Prata por sua trajetória no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, Argentina.

Também em 2010, recebeu o prêmio de honra do Festival Internacional de Cinema de Innsbruck, Áustria, em reconhecimento à sua trajetória e influência sobre o festival. Foi realizada uma retrospectiva em sua homenagem, com o título "Sonhar com os olhos abertos".