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Imigração rouba a cena na abertura do Festival de Veneza

De Veneza (Itália)

02/09/2015 20h18

A grave crise migratória que atinge a Europa chegou ao renomado Festival de Cinema de Veneza, cuja 72ª edição começou oficialmente nesta quarta-feira (2).  

Durante a cerimônia de abertura da mostra, o presidente do júri, Alfonso Cuarón, vencedor do Oscar de melhor diretor com "Gravidade", fez um apelo para a União Europeia acolher os milhares de solicitantes de refúgio que entram todos os dias em seus países-membros. 

"Sou um mexicano que vive na Europa e sempre se sentiu bem-vindo. Gostaria que o mesmo acolhimento fosse reservado no futuro a todos os imigrantes", declarou o cineasta. As palavras encontraram eco na figura do presidente da Itália, Sergio Mattarella, que participou da abertura ao lado de sua filha, Laura.   

"Foi um chamado verdadeiramente admirável e feito de maneira persuasiva", comentou o chefe de Estado, que é o principal símbolo institucional de um país que já recebeu pelo menos 115 mil imigrantes clandestinos em 2015, todos sobreviventes das chamadas "viagens da morte" no mar Mediterrâneo. 

Por outro lado, a mesma receptividade não foi vista no prefeito de Veneza, o conservador Luigi Brugnaro, que declarou que é "muito cômodo" dar opiniões sentado "em uma poltrona de veludo".   

Recentemente, o mesmo alcaide se envolvera em uma polêmica com o cantor Elton John por causa da proibição de livros infantis sobre homossexualismo nas escolas da cidade.   

No fim das contas, a imigração acabou deixando em segundo plano o filme exibido na abertura da mostra: "Everest", dirigido pelo islandês Baltasar Kormakur, é inspirado em fatos reais e conta a história de duas trágicas expedições rumo ao topo da montanha mais alta do mundo, em meio a geleiras, avalanches e falta de oxigênio.   

O longa, que não concorre ao Leão de Ouro, foi filmado no Nepal, nos Alpes italianos e em estúdios de Roma e Reino Unido e tem no elenco nomes como Josh Brolin, Jason Clarke, Robin Wright, Keira Knightley e Emily Watson. "É um filme emocionante", disse Mattarella, em uma rápida conversa com jornalistas após a projeção.   

O 72º Festival de Cinema de Veneza acontece até o dia 12 de setembro e tem três produções brasileiras na programação: os longas "Mate-me por favor", de Anita Rocha da Silveira, e "Boi neon", de Gabriel Mascaro, e o curta-metragem "Tarântula", de Aly Muritiba e Marja Calafange.  

No entanto, nenhum deles está no concurso principal. Todos integram a mostra "Horizontes", que reúne filmes "representativos de novas tendências estéticas e expressivas".