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Festival de Tiradentes mostra o que há de novo no cinema de autor brasileiro

18.jan.2013 - A atriz Simone Spoladore foi homenageada na 16ª edição do Festival de Tiradentes - Samuel Costa / Jornal Hoje em Dia
18.jan.2013 - A atriz Simone Spoladore foi homenageada na 16ª edição do Festival de Tiradentes Imagem: Samuel Costa / Jornal Hoje em Dia

Marco Antonio Pereira

De Tiradentes

23/01/2013 15h42

A pequena cidade de Tiradentes, na Zona da Mata de Minas Gerais, é palco de um dos mais vistosos festivais de cinema independente, ou de autor, do Brasil, e uma verdadeira vitrine para produtores e diretores, principalmente da nova geração.

A 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes, realizada entre os dias 18 e 26 de janeiro, traz neste ano a temática "Fora de Centro", dando destaque para a cada vez maior quantidade de filmes realizados fora do eixo Rio-São Paulo. Prova disto é que mais de 40% dos longas inscritos no festival de 2013 foram concebidos em outros estados.

O evento inaugura o calendário audiovisual do país, com o desafio de exibir parte da produção cinematográfica brasileira em 131 filmes - 34 longas e 97 curtas - e acontece em três ambientes: o Centro Cultural do Centro Histórico, o Cine Tenda Bar Show e o Cine BNDES na Praça, este último uma atração à parte, pois fica na praça central da cidade, ao ar livre, no bucólico Largo das Forras, dominado por grandes árvores e com aquele ar característico das cidades coloniais do interior do país.

Mas não é apenas de exibições cinematográficas que a Mostra é feita. Paralelamente, também acontecem exposições de fotografias, debates, oficinas, apresentações de teatro e música, inclusive com atividades voltadas para o público infanto-juvenil, como pôde ser conferido pela Agência Efe.

Prova de sua importância é a parceria feita com a Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores para a concessão do Prêmio Itamaraty, no valor de R$ 50 mil, para o vencedor da Mostra Aurora deste ano, a principal do evento. O prêmio é dado ao melhor diretor em início de percurso, um incentivo aos novos talentos do cenário cinematográfico nacional.


Todos os anos, a Mostra de Cinema de Tiradentes homenageia um ator ou atriz que se destaca por sua trajetória cinematográfica. A escolhida deste ano foi a paranaense Simone Spoladore, que participou de mais de 20 longas nos últimos dez anos, em obras reconhecidas como o filme "Lavoura Arcaica" e a minissérie para TV "Os Maias", baseada na obra do escritor português Eça de Queiroz.

A cidade de Tiradentes recebe durante o evento cerca de 30 mil pessoas nos nove dias de programação e, apesar de seu pequeno tamanho, se configura como uma das mais importantes plataformas de lançamento do cinema brasileiro independente.

A importância internacional deste tipo de cinema brasileiro fica evidente nas presenças de curadores e convidados internacionais. Eles participaram do debate "Um olhar sobre o cinema brasileiro", cujo objetivo foi gerar intercâmbio e refletir sobre sua imagem, principalmente na Europa e na América.

É o caso de Anne Delseth, programadora da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes (França); Bernard Payen, programador da Semana da Crítica, também de Cannes; e Sérgio Fant, que realiza o mesmo trabalho no Festival de Locarno (Suíça).

O gerente de assuntos internacionais da INCAA (Argentina), órgão equivalente à Agência Nacional de Cinema (Ancine), Diego Marambio, também participou do debate.

"O processo de produção de cinema nos Brasil nos últimos anos obedece a uma lógica que envolve maior incentivo de órgãos fomentadores, barateamento da produção em tecnologia digital e uma crescente formação em cursos e oficinas de cinema", disse o curador da mostra, Cléber Eduardo.

O evento termina no próximo sábado, dia 26, com as premiações para o melhor longa e curta, eleitos pelo júri da crítica e pelo júri jovem.