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Longa espanhol "Emak Bakia" leva prêmio de melhor filme no Cine Ceará

Festival de Cinema do Ceará encerra e filme espanhol leva o melhor prêmio - AgNews
Festival de Cinema do Ceará encerra e filme espanhol leva o melhor prêmio Imagem: AgNews

14/09/2013 23h49

A 23ª edição do Cine Ceará fez jus ao nome de festival ibero-americano ao dedicar grande parte das sessões desse ano ao cinema contemporâneo português e ao consagrar neste sábado (14) - em sua noite de premiação, realizada no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura de Fortaleza - o longa-metragem espanhol "Emak Bakia", do diretor Oskar Alegria.

O documentário de Alegria, que narra a busca de uma casa na costa basca, na qual o lendário artista norte-americano Man Ray fez seu primeiro filme de vanguarda em 1926 ("Leave Me Alone"), levou o principal prêmio da noite, o Troféu Mucuripe de melhor filme, além de US$ 10 mil.

Alegria, que esteve em Fortaleza durante a semana para apresentar o filme, mas precisou deixar o país para participar de outro festival, foi representado no palco pela coordenadora geral do Cine Ceará, Margarita Hernández, que falou ao telefone com o vencedor e leu uma mensagem dele ao público.

"Olá, amigos. Aqui é Oskar Alegria, hoje com mais alegria que nunca. Gostaria de agradecer ao prêmio, à acolhida e pelos passos de forró que vocês me ensinaram", leu Margarita em nome do diretor da produção, que levou ainda o Mucuripe de melhor som (para Abel Hernández), além do Prêmio da Crítica e Prêmio Olhar Universitário.

Entre os títulos com maior número de prêmios, o brasileiro "Se Deus Vier que Venha Armado", primeiro longa de Luis Dantas, levou três: direção, ator (o jovem Ariclenes Barroso) e fotografia (Hélcio "Alemão" Negamine).

Já o troféu de melhor atriz ficou com Laura de La Uz, por seu trabalho no cubano "O Filme de Ana", enquanto o argentino "Mercedes Sosa - A Voz da América Latina" foi premiado por sua edição, e o uruguaio "Rincón de Darwin" por seu roteiro e direção de arte.

Outro filme brasileiro, "Olho Nu", definido pelo diretor Joel Pizzini como um autorretrato sensorial de Ney Matogrosso, ficou com o Mucuripe de melhor trilha sonora original, composta pelo próprio cantor.

"Eu não preparei um discurso porque não vim receber o prêmio e sim compensar a promessa que não pude cumprir de estar aqui no dia do lançamento do filme, porque havia esquecido de um compromisso no Rio de Janeiro. Hoje eu só gostaria de dizer que estou aqui. Obrigado", declarou Ney Matogrosso.

O terceiro brasileiro entre os oito filmes que disputavam os principais prêmios da noite, "Solidões", nova cartada cinematográfica do cantor Oswaldo Montenegro, terminou a noite sem prêmios.

Já o prêmio especial do júri - formado por António Costa Valente (Portugal), Diana Karklin (Rússia), Elena Soarez (Brasil), Jorge Abello (Cuba) e Tania Hermida (Equador) - ficou com o documentário "O Paciente Interno", que mostra o destino de um homem que tentou matar o presidente do México em 1968.

De acordo com os jurados, o filme mereceu a distinção "pelo esforço investigativo, pelo poder da história que resgata um conturbado período histórico da América Latina".

Finalmente, o melhor curta eleito pelo júri especializado foi "Jessy" (Bahia), de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge. Já o vencedor da Mostra Olhar do Ceará, que estimula a produção local, foi "Meu Amigo Mineiro", de Victor Furtado e Gabriel Martins.

A produção cearense ganhou um prêmio de R$ 5 mil do Banco do Nordeste "pela forma inventiva como o filme articula a relação com a cidade a partir de um cinema de ficção trazendo um olhar afetivo pela cidade diferente do cartão postal".

Antes dessas premiações, o ator Marcos Palmeira já havia subido ao palco para receber o troféu Eusélio Oliveira, honraria máxima concedida pelo Cine Ceará - mesma distinção entregue à atriz Maria de Medeiros no início do festival como parte da homenagem ao cinema português.

O ator, que acabou de completar 50 anos e já atuou em mais de 30 filmes (entre eles, "Memórias do Cárcere", "Carlota Joaquina" e o recente "Vendo ou Alugo"), recebeu o prêmio das mãos da mãe, a produtora Vera de Paula, e do pai, o renomado diretor cearense Zelito Viana.

Em seu discurso de agradecimento, Marcos Palmeira fez questão de lembrar de outro filho ilustre do Ceará: o humorista Chico Anysio, falecido em março do ano passado.

"Receber esse prêmio no Ceará tem um valor especial pra mim. Além de ser terra do meu pai, é também do meu tio Chico, um dos maiores incentivadores da minha carreira", disse o ator.

O Cine Ceará, festival ibero-americano de cinema de Fortaleza que aconteceu entre os dias 7 e 14 de setembro, é uma promoção da Universidade Federal do Ceará, com apoio do governo do Ceará e do Ministério da Cultura.