Topo

"Whiplash" torna-se grande aposta para o Oscar na cena independente

26.jan.14 - O jovem diretor Damien Chazelle recebe o prêmio por "Whiplash", vencedor do Festival de Cinema de Sundance - George Frey/EFE
26.jan.14 - O jovem diretor Damien Chazelle recebe o prêmio por "Whiplash", vencedor do Festival de Cinema de Sundance Imagem: George Frey/EFE

Antonio Martín Guirado

02/10/2014 22h02

Los Angeles (EUA), 2 out (EFE).- "Whiplash: em Busca da Perfeição", grande ganhador do Festival de Sundance, foi apresentado nesta quinta-feira em Los Angeles como a principal aposta da cena independente para o Oscar, prêmio para o qual o ator J.K. Simmons concorre com destaque pela interpretação de um professor capaz de tudo para extrair o talento de seu jovem pupilo.

O filme, escrito e dirigido por Damien Chazelle - autor do roteiro do espanhol "Toque de Mestre" (2013) -, conquistou o prêmio de audiência e o do júri no Festival de Sundance com a história de um jovem baterista que luta para alcançar a perfeição sob as diretrizes de um impetuoso mentor

"Esse nível de exigência é algo que só os masoquistas querem", disse Simmons durante entrevista coletiva realizada em um hotel de Beverly Hills.

"Um ator deve ser dirigido e até forçado a ir adiante, mas a manipulação e os abusos não têm cabimento, tanto no ambiente profiossinal quanto na vida", acrescentou o ator.

Miles Teller, conhecido por seus trabalhos em "Divergente" e "O Maravilhoso Agora", encarna Andrew Neiman, um homem ambicioso que deseja fervorosamente se transformar no melhor baterista do mundo e dedica todos os seus esforços a alcançar este objetivo, se afastando de qualquer tipo de lazer ou relação sentimental.

"O sucesso de um projeto se baseia na parceria", sustentou Teller.

"Não quero um diretor que me dê um tapinha nas costas e diga constantemente: 'ei, bom trabalho'. No entanto, já aconteceu de ficarem muito em cima, e não tive liberdade para tomar decisões e experimentar. Preciso que alguém preste atenção no que estou fazendo, me guie e inspire para que eu possa melhorar", acrescentou.

"Whiplash" - Etienne Laurent/EFE - Etienne Laurent/EFE
O compositor Nicholas Britell, o diretor Damien Chazelle e o ator Miles Teller posam com o prêmio por "Whiplash"
Imagem: Etienne Laurent/EFE


Simmons interpreta Terence Fletcher, um homem conhecido por seu talento como professor e por seus métodos radicais. Ele é o principal responsável pelo fato de em Hollywood se falar de "Nascido Para Matar" como se o filme fosse ambientado em Julliard, prestigiado conservatório das Artes de Nova York.

"Me alegra que o filme promova um debate sobre este mundo, que pouca gente conhece. Sem dúvida, um nível de exigência muito alto apresenta retorno, mas eu escolheria ter uma namorada bonita e me desprenderia de toda essa pressão", disse Simmons, de 59 anos, mais conhecido pelo público como o editor chefe J. Jonah Jameson, da saga "Homem-Aranha", dirigida por Sam Raimi.

O arquiteto deste projeto é Damien Chazelle, e é fácil perceber as características autobiográficas que há nele.

Chazelle, de 29 anos, também foi um jovem baterista na orquestra de uma escola de jazz, mas o sentimento que lhe acompanhava cada vez que assistia às aulas era o medo. Medo de errar uma nota, perder o ritmo e, especialmente, medo de seu professor.

Com "Whiplash: em Busca da Perfeição", segundo afirmou, ele queria fazer um filme que se assemelhasse a uma obra de guerra ou de gângsteres, no qual os instrumentos substituiriam as armas e as palavras soariam tão violentas quanto as pistolas.

"As pessoas que não estiveram nessas escolas e não conhecem esse mundo tão competitivo pensam que as coisas não podem ser assim", confessou o diretor.

"Membros de várias escolas me garantem que conhecem casos piores que o que retratamos na ficção. É um aspecto deste mundo fascinante que muitos desconhecem", prosseguiu.

A fim de conseguir o realismo necessário para as cenas musicais, Chazelle se beneficiou das habilidades de Teller, que sabe tocar bateria desde criança.

O intérprete se dedicou quatro horas ao dia durante três semanas para aperfeiçoar suas aptidões, o que fez com que ele sangrasse e criasse bolhas, assim como acontece no filme.

"O suor é real. As vendas e a dor também. Tocava até a exaustão. Pode-se dizer que a vida imita a arte nesta ocasião", apontou Teller.

"Tudo que é visto na tela é real", declarou Chazelle.

A tensão segue em tom crescente no filme até atingir o clímax que representa também um último enfrentamento entre os personagens, no qual são apresentadas mais perguntas que respostas.

"Buscávamos essa ambiguidade. No final é o espectador quem decide se está feliz pelo protagonista ou se lamenta sua perda de humanidade", ressaltou Simmons.

"Whiplash: em Busca da Perfeição" estreia no dia 10 de outubro nos Estados Unidos, e em 22 de janeiro de 2015 no Brasil.