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"Ainda não alcancei o topo da minha carreira", diz Matthew McConaughey

Pôster em inglês do filme "Interestelar", do diretor Christopher Nolan - Divulgação
Pôster em inglês do filme "Interestelar", do diretor Christopher Nolan Imagem: Divulgação

De Los Angeles

02/11/2014 08h02

Matthew McConaughey é o ator do momento. Do mais alto firmamento de Hollywood observa um passado do qual não se arrepende enquanto desfruta do "McConaissance", um renascimento artístico que ainda não tem data para acabar, disse em entrevista à Agência Efe.

"Estou desfrutando de toda essa atenção que recebo agora", confessou o ganhador do Oscar por "Clube de Compras Dallas".

"Não no sentido de dizer: 'Oh, alcancei', realmente agradeço e respeito, mas não me conformo em esperar ao destino. Sinto que não alcancei o topo de minha carreira", acrescentou.

"Vou ter mais experiências no cinema. Quanto menos me importava com os resultados, melhor foram as coisas para mim. O objetivo nunca deve ser assombrar seus companheiros de profissão. Isso interfere no processo do ator. Se faço algo, se escolho um projeto, é porque gosto dele. Quero continuar assim".

O galã de 44 anos está de volta às telas do cinema com "Interestelar", dirigido por Christopher Nolan, um dos filmes mais esperados do ano.

O longa, que estreia na próxima quinta (6) no Brasil, mostra uma viagem intergaláctica em busca de esperança para a Terra, assolada por desastres ambientais, mas esconde um drama íntimo familiar.

McConaughey, que com Anne Hathaway e Jessica Chastain forma o grupo de exploradores que se aproveitará de um recém-descoberto buraco negro para superar as limitações das viagens espaciais tripuladas e conquistar as imensas distâncias que uma missão nos confins do universo exige.

"Ver o filme foi para mim uma experiência espiritual e física", contou o ator.

"Acabei exausto, assombrado e alucinado. Fiquei paralisado durante vários dias. Empreendi uma aventura, uma viagem tremenda. Me fez chorar, aplaudir, gritar, surpreender. Fez com que meus alicerces tremessem", acrescentou.

O ator, cujo nome hoje em dia é sinônimo de qualidade após emendar obras como "Amor Bandido" e "Magic Mike", além da celebrada série da HBO "True Detective", retorna à ficção científica após "Contato", filme com o qual "Interestelar" guarda alguma semelhança.

Longe ficaram os dias em que McConaughey parecia condenado à comédia romântica fácil, quando seus trabalhos eram recebidos com certa indiferença. No entanto, o ator lembra com carinho essa etapa.

"Nunca pensei: Oh Deus, o que estou fazendo? É verdade que já estive um pouco desanimado. Fiz várias coisas parecidas, filmes que não são reconhecidos pela crítica, mas que gostei de fazer e me pagaram bem. Porque então não me ofereciam coisas boas, mas também não estava triste por isso. Aquilo não ia me parar", lembrou.

Aquele jovem promissor de "Tempo de Matar", "Amizade" e "A Batalha do Atlântico" deu lugar ao romântico de "O Casamento dos Meus Sonhos", com Jennifer López; "Saara", com Penélope Cruz; e "Como Perder um Homem em 10 Dias", com Kate Hudson.

E embora muitos considerem que o ator vive seu melhor momento, McConaughey prefere ver a situação em perspectiva.

"Considero que não estou ainda nem no intervalo da partida", em referência à trajetória que espera ter pela frente.

"Chegou um momento em que simplifiquei minha carreira. Fechei minha produtora, minha gravadora e decidi ser um ator com salário".

Na época, a fase mais dura tinha passado. Os críticos tinham desistido dele. Seus filmes quase não atraíam ao público. Mas nunca jogou a toalha.

"Minha confiança ficou baixa. Mas de noite, sozinho, nunca perdi a fé em mim mesmo. Não me desesperei. Dizia: continue trabalhando, continue tentando. Aprende. Cresce. Não sei o que veio primeiro, porque ao mesmo tempo crescia como pessoa graças ao casamento e à família. Acho que é aos 40 que realmente formamos nossa identidade".

McConaughey diz quase como um mantra: "Keep on living" ("Continue vivendo"). É a primeira frase de sua estreia no cinema, em "Jovens, Loucos e Rebeldes", de 1993, que ficou gravada em sua mente. Ele a repete constantemente, como bom otimista que é e, por isso batizou sua filha, com a modelo brasileira Camila Alves, de Vida.

Mas inclusive agora, com Hollywood aos seus pés, o otimista McConaughey continua sem perseguir Paul Newman, o astro com quem tantas vezes foi comparado no início da carreira.

"Tomei como um grande elogio, mas nunca achei isso. Nunca quis ser como alguém. Sempre segui meus próprios instintos e inquietações. Sou quem eu sou, independentemente de como sou percebido".