Topo

"Relatos Selvagens" vence Goya de melhor filme ibero-americano

Alicia García de Francisco

08/02/2015 07h50

"Relatos Selvagens" levou neste sábado (7) o Goya de melhor filme ibero-americano, o único dos nove aos que foi indicado na 29ª edição dos prêmios - o Oscar do cinema espanhol -, nos quais o "thriller" "La Isla Mínima", de Alberto Rodríguez, foi o grande vencedor com dez estatuetas.

Melhor filme, diretor, roteiro original, ator (Javier Gutiérrez), atriz revelação (Nerea Barros), trilha sonora, direção de fotografia, montagem, direção de arte e vestiário são os prêmios que conseguiu "La Isla Mínima", que confirmou assim sua condição de favorita.

"El Niño", o segundo mais indicado, com 16, ficou com quatro Goyas: direção de produção, som, efeitos especiais e canção para "Niño Sin Miedo" de David Santisteban, Índia Martínez e Riki Rivera.

"Relatos Selvagens", co-produzido pela argentina Kramer & Sigman Films e a espanhola El Deseo - dos irmãos Pedro e Agustín Almodóvar -, foi indicado aos Goya de melhor filme, direção, roteiro (Szifrón), ator (Ricardo Darín), música (Gustavo Santaolalla), direção de produção, montagem, maquiagem e melhor filme ibero-americano.

Na categoria na qual ganhou, o longa argentino disputava o prêmio com "Kaplan", de Álvaro Brechner (Uruguai), "Conducta", de Ernesto Daranas (Cuba) e "La Distancia más Larga", de Claudia Pinto Emperador (Venezuela).

"Relatos Selvagens" repete quase ao pé da letra o sucesso do filme de 2010 "O Segredo de Seus Olhos", de seu compatriota Juan José Campanella, que chegou aos Goya com nove indicações, das quais levou o de melhor filme ibero-americano e de melhor atriz revelação (Soledad Villamil).

"O Segredo de Seus Olhos" conseguiu posteriormente o Oscar de melhor filme de língua estrangeira, um prêmio ao que também concorre "Relatos Selvagens" e cujo resultado será conhecido no dia 22 de fevereiro.

Pouco acento latino em uma festa na qual se cumpriram as apostas e quase não houve surpresas.

Javier Gutiérrez "à beira do colapso" e "afônico", cumpriu as previsões com o prêmio de melhor ator principal por seu obscuro inspetor policial, da mesma forma que Bárbara Lennie, que ficou com o de melhor atriz protagonista por "Magical Girl".

As categorias de interpretações secundárias foram para a comédia "Ocho Apellidos Vascos", um filme que também teve um grande sucesso internacional.

Os veteranos Karra Elejalde e Carmen Machi conseguiram os prêmios de atores coadjuvantes e Dani Rovira ficou com o de melhor ator revelação.

"Mortadelo y Filemón contra Jimmy el Cachondo", de Javier Fesser, ganhou os prêmios de melhor filme de animação e melhor roteiro adaptado e Carlos Marqués Marcet com o Goya de melhor diretor revelação por "10.000 km".

E o prêmio de melhor filme europeu foi para o polonês "Ida", de Pawel Pawlikowsky, que venceu o documentário "O Sal da Terra" (França); "Dios mío, ¿Pero qué Hemos Hecho?" (França) e "El Abuelo que Saltó por la Ventana y se Largó" (Suécia).

Tudo isso em uma festa marcada pelo Goya de Honra que recebeu Antonio Banderas, que definiu a vida "como aventura e como brincadeira", assegurando que "o caos é o melhor aliado de qualquer artista", uma profissão "sempre em crise".

O prêmio dedicou, muito emocionado, a sua filha Stella del Carmen. "É quem mais sofreu com minha ausência", disse, antes de ressaltar que, apesar de suas aventuras hollywoodianas, sua mente sempre está na Espanha.

Banderas recebeu o prêmio das mãos de seu grande amigo, o diretor Pedro Almodóvar que disse do ator: "Ele se lançou sem controle e sem preconceitos a todos os abismos aos que lhe empurrei".

E outra protagonista da festa foi Penélope Cruz, que retornou após quatro edições ausente para entregar o Goya de melhor filme.

Cruz, da mesma forma que a maioria de participantes do evento, aproveitou para destacar o bom ano do cinema espanhol e a 'reconciliação' com os espectadores devido principalmente ao impulso de "Ocho Apellidos Vascos".