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"Não sei fazer filmes para todo mundo", diz diretor argentino de "Jauja"

O diretor  Lisandro Alonso (terceiro da esquerda para a direita) e o elenco de Jauja em Cannes - Julien Warnand/EFE/EPA
O diretor Lisandro Alonso (terceiro da esquerda para a direita) e o elenco de Jauja em Cannes Imagem: Julien Warnand/EFE/EPA

Em Fortaleza

21/06/2015 07h41

Nos últimos festivais cinematográficos, o argentino Lisandro Alonso tem sido um dos diretores que mais divide a crítica com suas produções independentes, mas como ele mesmo reconheceu neste sábado em Fortaleza não sabe fazer filmes "para todo o mundo".

Após apresentar seu filme no 25º Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema, Alonso afirmou durante um debate que ele gostaria que "Jauja", sua mais recente produção, "fosse vista pela maior quantidade de gente possível", mas "evidentemente não sou tolo e sei que a proposta não é para todos".

O diretor comentou que não sabe "fazer uma comédia romântica ou policial" e completou: "Faço este tipo de filmes porque é o que sei fazer" - um gênero que o protagonista de "Jauja", Viggo Mortensen, qualificou de "conto estranho" durante as filmagens.

Filmada em dois idiomas e países, o filme "vai se transformando" à medida que transcorre a projeção, razão pela qual - confessou o cineasta - "até hoje me dá trabalho falar sobre do que se trata".

E não é para menos já que o filme abriga tantas leituras e possibilidades como o espectador queira imaginar, desde um western clássico ao estilo de John Ford até o sonho de um cachorro mulherengo.

Com um roteiro de apenas 20 páginas e cores que remetem mais à pintura que a uma sala de projeções, "Jauja" desdobra paisagens hipnóticas onde a luz e a composição deixam o homem - um soldado dinamarquês destinado à Patagônia - em segundo plano.

"O que eu filmo é o não civilizado", explicou o cineasta, que já começou a trabalhar em seu próximo projeto, que será rodado - "se tiver sorte" - na Amazônia.

Por enquanto, Alonso confirmou apenas que gostaria repetir a experiência com Timo Salminem, o diretor de fotografia e colaborador habitual do finlandês Aki Kaurismäki, mas não revelou se voltará a contar com um elenco de luxo.

"É a primeira vez que trabalho com atores profissionais", lembrou o diretor, garantindo que, graças à participação de Mortensen, "Jauja", por exemplo, "tem mais possibilidades de ser exibida" - uma prova é que o filme será o primeiro de Alonso a ser distribuído no Brasil.

Com uma programação de forte sotaque espanhol e 25 anos de existência, o Cine Ceará exibirá em Fortaleza um total de 60 filmes até o próximo dia 24 de junho.