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Apesar de ausente, Trump deve ser "protagonista" de protestos no Oscar

Emma Stone foi uma das que protestou contra Trump durante o prêmio do Sindicato dos Atores, em janeiro - Mike Blake/Reuters
Emma Stone foi uma das que protestou contra Trump durante o prêmio do Sindicato dos Atores, em janeiro Imagem: Mike Blake/Reuters

Em Los Angeles (EUA)

23/02/2017 15h29

Ele não foi indicado e nem comparecerá à festa de premiação, apesar de sua notável experiência no mundo dos espetáculos, mas o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ser um dos protagonistas destacados de um Oscar que promete ser muito político.

A 89ª edição dos prêmios da Academia de Hollywood ocorrerá um mês depois de Trump tomar posse como presidente, e a controvérsia em torno de muitas de suas decisões, especialmente as que se referem a temas migratórios, não passou despercebida no mundo do cinema.

Assim foi possível observar no almoço anual da Academia em honra aos indicados, no qual a presidente da instituição, Cheryl Boone Isaacs, abordou às claras a atualidade política.

"Todos sabemos que há algumas cadeiras vazias hoje nesta sala, e isso transforma todos em ativistas", disse ela em referência à ausência do cineasta iraniano Asghar Farhadi, candidato por "O Apartamento", e que recentemente anunciou que não irá à cerimônia como protesto pelas medidas migratórias de Trump.

"A arte não tem fronteiras. As sociedades fortes não censuram a arte, mas a celebram. Não podemos permitir que as fronteiras detenham nenhum de nós", assegurou.

Hollywood e Trump não têm, claro, uma relação muito fluente. As estrelas do cinema fizeram campanha eleitoral contra o polêmico magnata republicano e, durante as primeiras semanas de seu mandato, as críticas vindas do mundo do espetáculo não só não pararam, mas endureceram.

Uma atriz tão respeitada e admirada como Meryl Streep marcou o tom no Globo de Ouro com um apaixonado discurso em defesa dos estrangeiros, da criação artística e da imprensa livre.

"O único trabalho de um ator é mostrar a vida de pessoas diferentes (...) Se expulsam os estrangeiros, só veremos futebol americano e artes marciais", afirmou a atriz, que acrescentou que "a falta de respeito provoca mais falta de respeito, e violência gera violência".

Em resposta, Trump postou uma mensagem no Twitter afirmando que a artista é uma "lacaia" da ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton, e opinou que é "uma das atrizes mais supervalorizadas de Hollywood", apesar de, entre outros méritos, Streep colecionar 20 indicações ao Oscar.

A habitual temporada de prêmios coincidiu com a aterrissagem de Trump na Casa Branca. Os profissionais do mundo do cinema, tradicionalmente inclinados a posições progressistas e liberais, não deixaram este fato passar despercebido diante de qualquer microfone.

Desta maneira, a cerimônia dos prêmios do Sindicato de Atores se transformou em uma noite na qual estrelas como Emma Stone, Taraji P. Henson, Mahershala Ali, Sarah Paulson e Julia Louis-Dreyfus defenderam a tolerância e o respeito além das diferenças.

Fora do campo estritamente artístico, vários atores apoiaram as grandes manifestações de mulheres que foram realizadas nos Estados Unidos um dia depois da posse de Trump para rejeitar as ideias machistas do dirigente.

Scarlett Johanson, Ashley Judd, América Ferrera, Joseph Gordon-Levitt, Jamie Lee Curtis e Miley Cirus foram alguns dos artistas que foram vistos nessas manifestações.

Com este ambiente prévio, o público espera para assistir aos discursos dos ganhadores do Oscar e os dardos que podem ser lançados contra Trump pelo apresentador da festa, Jimmy Kimmel, um comediante que em seu programa noturno "Jimmy Kimmel Live" costuma dedicar pérolas nada carinhosas ao magnata republicano.

E tudo isso sem perder de vista a conta no Twitter de Trump, na qual é provável que o presidente não perca a ocasião de criticar Hollywood.