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Com filha de Lenny Kravitz e Lisa Bonet no papel principal, "Yelling To The Sky" sofre com falta de coerência

O produtor Billy Mulligan, Gabourey Sidibe, a diretora Victoria Mahoney e a atriz Zoe Kravitz, de "Yelling To The Sky", durante o Festival de Cinema de Berlim 2011 (12/02/2011) - Getty Images
O produtor Billy Mulligan, Gabourey Sidibe, a diretora Victoria Mahoney e a atriz Zoe Kravitz, de "Yelling To The Sky", durante o Festival de Cinema de Berlim 2011 (12/02/2011) Imagem: Getty Images

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Berlim

12/02/2011 15h26

"Yelling to The Sky" está entre as apostas do Festival de Berlim, que este ano deu enfase na seleção oficial aos filmes de estreantes ou de diretores de segunda viagem. A atriz Victoria Mahoney faz parte do primeiro grupo, com uma história semi-autobiográfica que lembra a passagem de sua infância para a adolescência. O filme traz Gabourei Sidibe, a jovem co-protagonista de "Preciosa", no papel secundário de uma valentona da escola - uma completa antítese da frágil personagem que a tornou famosa. E Zoe Kravitz, filha de Lenny Kravitz e Lisa Bonet, no papel de Sweetness, garota que experimenta uma montanha russa de emoções enquanto cresce em um subúrbio de Nova York. As duas atrizes vieram ao festival para promover o filme ao lado da diretora.

Mahoney conta que estava fazendo testes para encontrar Sweetness quando encontrou Kravitz. "Eu achei que tinha encontrado, embora não tivesse certeza", disse a diretora. "Foi um amigo que me incentivou." Mas a jovem atriz também, por conta da natureza violenta do filme e as transformações da personagem. "Ela [Mahoney] me ligou um dia e perguntou: 'Que diabos você está pensando?'", contou. "Depois que saímos e nos conhecemos melhor eu resolvi aceitar."

Desenvolvido nos laboratórios de roteiro e produção do Sundance Institute, o filme deixa evidente o efeito que as intervenções como esta promovem - quando não são bem absorvidas pelos cineastas. A personagem de Kravitz começa como uma presa fácil no bairro e na escola, transforma-se depois em uma valentona para no fim se humanizar novamente. Ao mesmo tempo, a família sofre do mesmo mal, com o pai (Tim Blake Nelson) e a mãe (Yolonda Ross) passando por transformações de personalidade inexplicáveis. A única personagem que mantém coerência ao longo da projeção é Ola (Antonique Smith), a irmã mais velha.

Apesar das críticas, Mahoney defendeu seu filme com a cabeça erguida diante de uma platéia de jornalistas muito magra. Ela disse que se trata de uma história semi-autobiográfica, outro traço de semelhança entre alguns dos filmes de estreantes selecionados aqui em Berlim. A realidade que ela viveu foi muito pior do que a mostrada no filme. "Essa é uma versão suave do que passei", afirmou ela. "Pessoas que não tiveram chance de viver isso terão uma boa ideia do que é. Esse é um filme de ficção. Só espero que não seja o único sobre miscigenação, pois é um problema social sério."

Sobre o inevitável paralelo com "Preciosa", Mahoney diz que os temas são universais. A única semelhança entre os filmes é que depois de 'Preciosa' eu consegui o financiamento. Se formos ver a peça de Eugene O'Neil, 'Longa Jornada Noite Adentro', o tema é mais ou menos o mesmo: alcoolismo, drogas, família disfuncional." Gabourey, cuja carreira no cinema foi projetada pelo outro filme, concorda: "Acho que ['Yelling To The Sky'] não esconde nada", disse ela. "Mas nada que eu fiz se parece com o que Hollywood produz."