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Após premiação, iraniano diz que Urso de Ouro é passaporte para fazer seu filme ser visto

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Berlim

19/02/2011 20h09

Com o Urso de Ouro e os dois Ursos de Prata de interpretação, o filme iraniano "Nader and Simin - A Separation" foi o grande vencedor do Festival de Berlim 2011. Isabella Rosselini e o júri presidido por ela não decepcionaram os críticos que acompanharam a mostra competitiva e viram uma seleção magra e pouco imaginativa - a não ser, obviamente, pelos filmes premiados. Embora Jafar Panahi tenha estado ausente do júri, o cineasta iraniano em prisão domiciliar no seu país e também proibido de trabalhar foi lembrado por todos os premiados após a cerimônia.
 

O diretor Asghar Farhadi, que já havia conquistado um Urso de Prata por "Procurando Elly" em 2009, disse que o Urso de Ouro recebido por "Nader and Simin" é importante não apenas por ser um prêmio. "Mas porque agora muitas outras pessoas terão oportunidade de assistir ao meu filme", disse ele. "Esse também é um grande desafio." Farhadi também lembrou Panahi, com quem disse ter conversado no intervalo entre a cerimônia e as entrevistas coletivas com os premiados.

Béla Tarr reafirmou que "The Turin Horse", filme que lhe valeu o Grande Prêmio do Júri, será seu último. E que pretende, de agora em diante, trabalhar como produtor, com diretores iniciantes. "Nesse filme, tudo se coaduna, tudo em que eu acredito tem que ser mostrado", disse ele. "Eu poderia fazer outra coisa, talvez uma franquia. Mas não é o caso. Acho que meus filmes anteriores são muito valiosos para que eu comece a repetí-los a partir de agora."

Outro importante premiado da noite, Andres Veil, Urso de Prata de direção pelo filme "If Not Us, Who", deu espontaneamente seu depoimento sobre Panahi. Ele disse ter uma "razão egoísta" para pedir ao governo iraniano que deixe o cineasta continuar fazendo filmes. "O presidente [Ahmadinejad] está cometendo um erro estratégico", disse Veil. "Ele precisa deixar que Panahi continue trabalhando."