"Tropa de Elite 2" é o grande vencedor do "Oscar brasileiro"; veja a lista dos premiados
"Tropa de Elite 2" é o grande vencedor do 10º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em cerimônia realizada no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, na noite desta terça (31). O longa-metragem brasileiro de maior bilheteria em 2010 conquistou os principais prêmios da noite - melhor filme, direção (José Padilha) e ator (Wagner Moura) - em um total de nove troféus. "Tropa" liderava a disputa com outro sucesso de bilheteria, "Chico Xavier", que terminou a noite com três prêmios.
No tapete vermelho, antes da entrega dos prêmios, o produtor Luiz Carlos Barreto rasgou elogios ao diretor José Padilha, de "Tropa de Elite 2". "Ele fez um filme de alta competência técnica, artística, popular. Mostrou que o cinema brasileiro tem capacidade de competição com qualquer outro", disse Barretão ao lado de Lucy Barreto, que ainda se disse alegre e aliviado pelo fato de Tropa 2 ter superado "Dona Flor e Seus Dois Maridos" como o filme mais assistido no Brasil. "A pior coisa do mundo é você ficar 20 anos assim como 'recorde do Brasil'", brincou. O longa de Padilha superou a marca de 11 milhões de espectadores em dezembro passado.
"Wagner é uma joia do nosso cinema", diz José Padilha
Na quinta vez que subia ao palco do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, desta feita para receber o prêmio de melhor direção por seu trabalho em "Tropa de Elite 2", José Padilha brincou: "Não tenho mais nada para falar". Isso porque nas outras quatro vezes - ele subiria mais uma última vez para receber o prêmio de melhor longa-metragem de ficção - Padilha já havia destacado o crescimento do mercado do cinema brasileiro (que deu um salto de 30% em 2010), feito agradecimentos e lembrado que "é o público quem merece um presente" logo após saber que seu longa foi o eleito pelo voto popular.
Padilha também elogiou Wagner Moura, premiado como melhor ator mas que não pôde comparecer à cerimônia. "Ele é um ator especial, porque não pensa apenas no seu personagem, ele atua no filme como um todo. O Wagner é uma joia do nosso cinema", emendou o diretor da produção dona da noite, com o total de nove prêmios. Antes da entrega do prêmio mais aguardado da noite - mas que não surpreendeu ninguém - Thalma de Freitas subiu ao palco para cantar.
"Chico Xavier", que também começou a noite com 16 indicações, levou três prêmios (atriz coadjuvante, roteiro adaptado e maquiagem). Levaram dois prêmios o filme "Quincas Berro D'Água" (direção de arte e figurino) e o documentário "O Homem que Engarrafava Nuvens" (longa-metragem documentário e trilha sonora). Aparentemente surpresa e muito discreta, Glória Pires foi sucinta após receber o prêmio de melhor atriz por seu trabalho em "Lula, O Filho do Brasil". Ela interpretou Dona Lindú, mãe do ex-presidente.
Quem fez o discurso mais longo foi Luiz Carlos Barreto, grande homenageado desta noite de gala junto de sua mulher, Lucy Barreto. Barretão, como é conhecido, lembrou de seu fortuito começo no cinema quando ainda era repórter fotográfico da revista "O Cruzeiro" e se encontrou com o cineasta baiano Glauber Rocha. "É um sofrimento essa emoção", disse Barretão, prometendo uma reprimenda aos organizadores do evento por submeterem um senhor de 83 anos de idade a tamanho teste emocional com a homenagem. Ele aproveitou para criticar o governo do ex-presidente Fernando Collor, "que tentou liquidar o cinema brasileiro" no começo dos anos 90. "Ninguém liquida o cinema brasileiro", disse com firmeza, celebrando o bom momento da produção nacional.
O homenageado também evocou o escritor colombiano Gabriel García Márquez, para quem só dois países possuem verdadeira vocação para o cinema: Brasil e Estados Unidos. No caso do cinema nacional, Barretão valorizou as características humanistas da sétima arte brasileira e pediu menos burocracia. "Vamos fazer cinema e botar filme na tela", arrematou.
Duas homenagens surpresa
A grande festa do cinema brasileiro ainda concedeu o prêmio de Preservação à Mostra de Cinema de Ouro Preto, a CineOP, que terá sua sexta edição a partir do próximo dia 15 de junho. Coube a Lúcia Rocha, mãe do cineasta Glauber Rocha, a entrega do prêmio. Ela, uma senhora já de 92 anos, falou com dificuldade, mas se manteve firme para receber os carinhosos aplausos da plateia.
A noite teve duas homenagens surpresa. Primeiro, a atriz Norma Bengell, musa que surgiu no cinema brasileiro no final dos anos 50, apareceu no palco numa cadeira de rodas. Norma, que além de atriz também foi é cantora e diretora, foi a primeira atriz brasileira a fazer um nu frontal, em 1962, no filme "Os Cafajestes".
Ela recebeu a homenagem das mãos de Marieta Severo. Muito emocionada, ela fez questão de agradecer ao público de pé. "Alguém me põe de pé!". A ordem foi atendida e, com o auxílio da mestre de cerimônia Fabiula Nascimento, Norma viu todo o público também se levantar para saudá-la.
A segunda homenagem surpresa do "Oscar brasileiro" foi Remo Usai. Autor das trilhas sonoras de mais de 120 filmes, dos quais 85 são longa-metragens, Remo agradeceu e, bem humorado, salientou que "o cinema precisa de muita amizade, porque também tem muita briga". Foi dele a trilha sonora da noite de gala inteira.
Veja a lista completa dos vencedores da 10ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro:
Melhor longa-metragem:
- "Tropa de Elite 2"
Voto popular - "Tropa de Elite 2"
Melhor documentário:
- "O Homem que Engarrafava Nuvens"
Voto popular - "Dzi Croquettes"
Melhor direção:
- José Padilha - "Tropa de Elite 2"
Melhor atriz:
- Glória Pires - "Lula, o Filho do Brasil"
Melhor ator:
- Wagner Moura - "Tropa de Elite 2"
Melhor atriz coadjuvante:
- Cássia Kiss - "Chico Xavier"
Melhor ator coadjuvante:
- André Mattos - "Tropa de Elite 2" e Caio Blat - "As Melhores Coisas do Mundo"
Melhor longa-metragem infantil:
- "Eu e meu Guarda-Chuva"
Melhor direção de fotografia:
- Lula Carvalho por "Tropa de Elite 2"
Melhor direção de arte:
- Adriam Cooper por "Quincas Berro D`Água"
Melhor figurino:
- Kika Lopes por "Quincas Berro D`Água"
Melhor maquiagem:
- Rose Verçosa por "Chico Xavier"
Melhor efeitos visuais:
- Darren Bell, Geoff D. Scott e Renato Tilhe por "Nosso Lar"
Melhor montagem ficção:
- Daniel Rezende por "Tropa de Elite 2"
Melhor montagem documentário:
- Raphael Alvarez por "Dzi Croquettes"
Melhor som:
- Alessandro Laroca, Armando Torres Jr. e Leandro Lima por 'Tropa de Elite 2"
Melhor trilha sonora:
- Guto Graça Mello por "O Homem que Engarrafava Nuvens"
Melhor trilha sonora original:
- Jaques Morelenbaum por "Olhos Azuis"
Melhor curta-metragem ficção:
- "Recife Frio" dirigido por Kleber Mendonça Filho
Melhor curta-metragem documentário:
- "Geral" dirigido por Anna Azevedo
Melhor curta-metragem animação:
- "Tempestade" dirigido por Cesar Cabral
Melhor roteiro original:
- Braulio Mantovani e José Padilha - "Tropa de elite 2"
Melhor roteiro adaptado:
- Marcos Bernstein - "Chico Xavier"
Melhor longa-metragem estrangeiro:
- "O Segredo dos seus Olhos" (Argentina / Espanha), de Juan José Campanella
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