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"Dizem que não parece Almodóvar. É mais ele do que nunca", diz Marisa Paredes em abertura de Festival do Rio

FABÍOLA ORTIZ

Colaboração para o UOL, do Rio

06/10/2011 22h56

“Dizem que não parece Almodóvar, mas é mais ele do que nunca, mais negro e mais realista do que nunca”, é com essas palavras que a atriz espanhola Marisa Paredes abriu o Festival de Cinema do Rio, na noite de estreia desta quinta-feira (6), no Cine Odeon, no Rio de Janeiro. Esperada por muitos, a musa de Pedro Almodóvar atua no filme “A Pele Que Habito” que foi exibido na noite de gala do Festival onde convidados entre diretores, produtores, atores e celebridades como Caetano Veloso, Ney Latorraca, Alessandra Negrini e Marcos Paulo prestigiaram.

“Estou muito feliz de ter feito esse filme, que não é apenas um filme é uma experiência”, disse Marisa Paredes na abertura oficial. Ao passar pelo tapete vermelho do Odeon, Paredes foi recebida aos abraços pelo cantor e compositor Caetano Veloso, que participou de outro filme de Almodóvar, “Fale com Ela” (2002). “Ele é meu amigo. Desde pequenininho gosto de cinema. Admiro muito o trabalho que ele faz, é muito pessoal. Estive com ele em Madri, agora que o filme já está pronto, tenho uma ideia do que seja o tema”, contou Caetano à imprensa.

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    Antônia Fontenelle e Marcos Paulo na sessão de gala do Festival do Rio, no Cine Odeon (6/10/2011)

“Almodóvar é um cineasta maravilhoso, não só na sua genialidade, mas na sensibilidade do ser humano que penetra no universo da família com maestria. Hoje eu quero ver Almodóvar”, afirmou Antônio Pitanga ao chegar ao Cine Odeon animado para a estreia. “Venho beber nessa fonte, é o melhor festival do mundo, o cinema brasileiro é o melhor. Eu venho aqui para me alimentar. Tem cinema de todos os universos. O meu papel aqui é comer, beber e dormir cinema”, brincou Pitanga.

“Não pode deixar de prestigiá-lo eu, particularmente, sou fã absoluto dele. Esse é o festival do Rio”, destacou o ator Marcos Paulo. “Hoje é um dia de diversão”, brincou Dira Paes, que atua no filme “Sudoeste”, de Eduardo Nunes. Apesar de espanhol, Pedro Almodóvar tem muito de brasilidade, ressaltou Dira. “Espero maravilhas desse filme, não tem nada dele que eu não goste. Ele dirige muito bem o ator, ele não tem medo do ridículo. Ele arrisca, é audacioso, as cenas são calientes. Ele é extremamente brasileiro e faz com que adoremos Pedro Almodóvar”.

300 mil espectadores no Festival

Até o dia 18 de outubro, 45 salas de cinema espalhadas por toda a cidade do Rio irão exibir cerca de 400 filmes. O Festival do Rio quer bater o recorde este ano de 300 mil espectadores, anunciou uma das organizadores do evento Ilda Santiago. “Mais de 70 países representados, é muita variedade, uma seleção para que o público possa fazer muitas descobertas. Será um grande banquete resultado de um ano de trabalho de enorme paixão”, ressaltou.

Ilda Santiago explicou que a opção do filme de Almodóvar para abrir o Festival do Rio é para “fazer refletir”. “Almodóvar é um grande mestre, é sempre um filme que todo mundo quer ver. É principalmente um filme que traz muita reflexão e é um espelho de todo o festival, a gente quer se divertir, mas também pensar sobre o estado do mundo. É um filme bom para começar o festival”, disse. Segundo Ilda, O Brasil está “no seu melhor momento e ponto”.

O cinema brasileiro, na sua opinião tem tido uma safra nova. “Tem mais de 100 filmes hoje sendo produzidos por ano, é absolutamente extraordinário e com uma diversidade muito grande. Tem mais do que nunca uma vontade enorme de estar junto do público e de descobrir novas linguagens. Isso é uma característica do cinema brasileiro hoje, a vontade de fazer coisas novas”, concluiu.