Diretora de "Quem se Importa" se inspira na "falta de utopia" para mostrar projetos sociais
Mara Mourão lança nesta sexta-feira (13) "Quem se Importa", documentário que mostra histórias de empreendedorismo social pelo mundo, e diz que uma de suas inspirações para o projeto foi a "falta de utopia" dos jovens. "Acho que as pessoas estão órfãs de uma utopia. Na minha geração, a gente tinha que lutar contra a ditadura. Hoje, a única causa que os jovens têm é o meio ambiente; eles estão ávidos por ter uma causa", diz.
No longa são mostradas histórias como as de Joaquim Melo. Ele notou que sua comunidade, o bairro Palmeiras, no Ceará, estava sofrendo por não ter dinheiro para pagar contas de luz e água --melhorias que o bairro recebera recententemente. Melo, então, criou uma moeda para o bairro, a "Palmas", para que o dinheiro da população não saísse dali.
A diretora explica que o filme é um "upgrade" (melhoramento, em tradução livre) de seu filme anterior, "Doutores da Alegria", sobre o grupo de atores que, vestidos de palhaço, visita crianças em hospitais brasileiros. "Com 'Doutores da Alegria', senti que o filme impactou a vida das pessoas, e mudou a minha vida e o meu jeito de pensar. Gostei de sentir que o cinema tem um impacto social tão forte, e 'Quem se Importa' é um 'upgrade' de 'Doutores', porque tem vários empreendedores sociais."
Ao todo, Mara levou três anos para conseguir fazer o longa, que é filmado no Brasil, Peru, Estados Unidos, Canadá, Tanzânia, Suiça e Alemanha, e teve que conciliar a agenda dos empreendedores escolhidos com as gravações. A edição levou um ano para ser concluída. Dos cinquenta empreendedores que ela havia escolhido, depois de fazer pesquisas no banco de dados da Ashoka, organização que financia projetos sociais, somente dezoito foram retratados. "Muita gente boa ficou de fora", diz.
Além de lançar "Quem se Importa" nos cinemas, Mara pretende levar o documentário para escolas, e aposta num lançamento pequeno e na propaganda boca a boca para divulgá-lo. "O impacto não passa pela bilheteria. Há muitos filmes pequenos que causaram um 'estrago' no bom sentido enorme, como "Uma Verdade Inconveniente" e "Super Size Me". Poucos viram, mas os que viram se tornaram multiplicadores", explica.
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