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Jair Rodrigues ganha destaque em Gramado mesmo sem comparecer ao Festival

Jair Rodrigues e a equipe de produção do filme "Super Nada" conferem gravação de imagens - Divulgação
Jair Rodrigues e a equipe de produção do filme "Super Nada" conferem gravação de imagens Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

12/08/2012 16h00

O cantor Jair Rodrigues resolveu se aventurar nas telonas, mas deixa de lado aquela figura leve dos shows, dona do hit “Deixa Isso pra Lá”, para interpretar um personagem que tem um lado obscuro. No filme “Super Nada”, de Rubens Rewald, competidor de Gramado que foi exibido neste sábado (11), Jair vive Zeca, um humorista decadente que tem o destino cruzado com Guto (Marat Descartes), um ator que já passou dos trinta anos e que ainda não conseguiu se firmar na carreira.

Apesar de dar graça ao humorista, Jair também foi capaz de mostrar o caráter duvidoso do personagem. No bate-papo com jornalistas na manhã deste domingo, Rewald explicou a escolha de Jair, que não é ator, mas que tem grande apelo em relação ao público. “Precisávamos de alguém com história. Assim como o protagonista olha para o Zeca e vê alguém, o espectador também precisava ver uma figura conhecida no personagem”, explica o diretor.

Segundo Rewald, o cantor, que não veio a Gramado por conta de shows, topou participar do projeto porque já provou seu valor ao meio musical e por também acreditar que interpretar poderia ser algo divertido. “Quando Jair está na tela o público reage de maneira diferente. Isso enriquece demais o fime”, disse o produtor executivo do longa Leonardo Mecchi.

Jair Rodrigues, no entanto, não foi o primeiro nome a ser pensado para o papel. Atores como Otávio Augusto e Marcos Caruso já haviam sido cogitados, mas o contrato com a Globo impediu que eles participassem do projeto. Para trabalhar com alguém que não tem experiência como ator, o filme teve que se adaptar ao artista. “Fizemos uma adaptação nas falas porque o Jair tem um jeito mais popular”, disse o diretor. Rewald disse que, apesar de ter que repetir muitos takes até o cantor acertar o tom, elogiou a performance de Rodrigues. “Ele improvisava muito, o que é genial”.

O filme ainda conta com as boas atuações de Marat Descartes e Clarissa Kiste, que juntos retratam a vida de atores paulistanos que ainda não alcançaram o sucesso. “É um recorte muito verdadeiro. As pessoas me perguntam por que não estou na Globo e se vivo só do teatro”, disse Kiste, que já atuou na peça “Hell”, de Hector Babenco.

Descartes, que interpretou o músico Lui na novela da Globo “A Vida da Gente”, contou que ficou em crise quando foi chamado para o papel por já ter se consolidado na carreira. “Achei que não tivesse mais idade para o personagem, mas depois pensei que isso pode acontecer em qualquer momento da vida. Tem gente que fica patinando”, disse ele.

O diretor ainda lamentou o problema técnico que interrompeu a exibição do filme na noite deste sábado no Palácio dos Festivais. “É uma pena que tenha acontecido isso num momento importante para a história, em que o personagem descobre algo novo”. A produção do evento afirmou que não irá se manifestar sobre o ocorrido.