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40º Festival de Gramado teve ingressos a preços populares e falhas técnicas; veja acertos e erros

Os vencedores do Festival de Gramado 2012 posam para fotos após a cerimônia de premiação (18/8/2012) - Edison Vara/Pressphoto
Os vencedores do Festival de Gramado 2012 posam para fotos após a cerimônia de premiação (18/8/2012) Imagem: Edison Vara/Pressphoto

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

19/08/2012 11h18

O Festival de Gramado realizou sua 40ª edição, encerrada neste sábado (18), com administração e curadoria novas, que tiveram que ser substituídas depois de irregularidades na prestação de contas na edição de 2011. Com a mudança na gestão, o público pôde acompanhar uma seleção diversificada de filmes e comprar ingressos a preços populares. No entanto, falhas na exibição tiraram um pouco do brilho do evento e provocaram reclamações dos competidores. Veja o que funcionou bem e o que deu errado na edição de 2012:

Seleção diversificada
Os novos curadores quiseram mostrar na cidade gaúcha filmes de todos os tipos e para todos os públicos, mas de qualidade. Quem queria ver filmes mais autorais contou com “O que se Move” e “O Som ao Redor”. Já o longa "Eu não Faço a Menor Ideia do que eu Tô Fazendo com a Minha Vida” explorou o universo dos jovens. A competição ainda teve o drama “Super Nada”, dois documentários musicais --“Futuro do Pretérito - Tropicalismo Now” e “Jorge Mautner: O Filho do Holocausto”-- e a comédia “Colegas”, que levou o prêmio de melhor filme da competição.

Curiosamente, havia diretores de todas as idades integrando a competição de longas-metragens nacionais, mas os curadores garantiram que não selecionaram os filmes pela idade dos realizadores, e sim pela qualidade das obras. A única escolha questionada por alguns críticos foi o longa "Insônia", único filme gaúcho na seleção e voltado para o público infantojuvenil. Em entrevista coletiva na tarde do sábado, o curador Rubens Ewald Filho justificou a escolha falando que é necessário incentivar a produção local, como fazem festivais do mundo todo.

Salas cheias
Os organizadores do evento Rosa Helena Volk, Ralfe Cardoso e o também curador Marcos Santuário disseram estar bastante satisfeitos com o fechamento do festival, que atraiu mais espectadores que o esperado. Segundo Cardoso, era uma preocupação desde o começo manter as salas de exibição cheias em todos os dias do evento.

O objetivo foi alcançado porque o público era atraído não só pelos filmes de qualidade, mas também pelos valores mais baixos dos ingressos. No ano passado, iam de R$ 60 a R$ 120 e despencaram para R$ 20 e R$ 10 (meia entrada). Para a noite de premiação, o convite custou R$ 100, sem desconto. Segundo Volk, que também é secretária de turismo de Gramado, a expectativa era receber 150 mil pessoas na cidade, mas, na sexta-feira (17), o número já havia passado de 170 mil visitantes.

Falhas técnicas
Apesar dos acertos em relação à seleção e preços acessíveis, o festival contou com sérias falhas técnicas em três dias do evento. Na sexta-feira (10), durante a exibição de "Eu Não Faço a Menor Ideia do que eu Tô Fazendo com a Minha Vida", de Matheus Souza, o som de uma banda que tocava ao lado do Palácio dos Festivais invadiu a sala de cinema, atrapalhando as cenas mais dramáticas. No dia seguinte, o filme "Super Nada", de Rubem Rewald, foi interrompido na metade, mas o problema foi solucionado minutos depois.

Na sexta (17), no entanto, ocorreu a falha mais grave do evento, quando a exibição do filme “O Som ao Redor” teve de ser suspensa devido a uma falha nas caixas de som da sala de cinema. Diretor, atores e equipe do filme, além do júri, acompanhavam a sessão no Palácio dos Festivais. O organizado Ralfe Cardoso subiu ao palco para se desculpar com a equipe do longa e anunciar uma reprise no dia seguinte.

Premiação sem dinheiro
Pela primeira vez, a organização do evento tentou emplacar a ideia de premiar os vencedores em dinheiro, mas por não alcançar a cota máxima de incentivo federal e estadual, o prêmio de R$ 350 mil, que seria distribuído para 10 categorias do festival, foi cancelado. Era previsto que o filme nacional vencedor ganharia R$ 120 mil e o melhor longa estrangeiro ficaria com 80 mil. De acordo com o regulamento do evento, os prêmios ficam condicionados à aprovação dos projetos culturais junto à Lei Rouanet e Pro-cultura e à captação integral das verbas. No entanto, foi mantido o cachê de exibição de R$ 5 mil para os longas nacionais e R$ 3 mil para os filmes estrangeiros.