Meirelles diz que Padilha definiu como "um inferno" trabalhar em "RoboCop"

O diretor Fernando Meirelles disse à revista Trip que o colega José Padilha, que trabalha em “RoboCop”, definiu a experiência de trabalhar para um grande estúdio como “um inferno”.

“Ele falou que está sendo a pior experiência da vida dele. Falou que de cada dez ideias que ele tem, nove são cortadas”, contou Meirelles. “Qualquer coisa que ele quer ele precisa brigar. Ele falou: ‘Isso aqui é um inferno’, Fernando. O filme vai ficar bom, mas eu nunca sofri tanto e não quero fazer isso de novo”.

Meirelles falou que por esse motivo sempre evitou trabalhar para grandes estúdios americanos. “[Em Hollywood]o diretor é um funcionário do produtor. E a relação é de funcionário e patrão, você pode ter uma melhor relação com seu patrão ou uma pior, mas a relação é essa” disse Meirelles.

“Todos os filmes que eu faço, inclusive o ‘360’, são filmes independentes e eu sou sempre coprodutor. Então a minha relação com os produtores é de parceiro. Isso muda muito. Recebi muitos roteiros para filmar em estúdio, mas eu nunca quis”, conclui Meirelles.

“Tomei muita porrada”

Meirelles também falou que deixou de ler críticas depois de lançar “Ensaio sobre a Cegueira”. “No Brasil [o filme] foi muito bem, mas na França e nos Estados Unidos ele não foi bem e eu tomei muita porrada da crítica. E eu estranhei, porque nunca tinha tomado pancada, não do jeito que eu tomei no ‘Ensaio’”.

“Depois disso resolvi nunca mais ler crítica”, continuou. “Eu passava semanas respondendo críticas na minha cabeça. E até hoje eu não leio”.