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"Não faria se tivesse de tirar o capacete", diz ator Karl Urban sobre atuação no filme "Dredd"

Cena do filme "Dredd", que estreia nesta sexta-feira (21) nos cinemas brasileiros - Divulgação / Paris Filmes
Cena do filme "Dredd", que estreia nesta sexta-feira (21) nos cinemas brasileiros Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Mariane Morisawa

Especial para o UOL, de Toronto (Canadá)

21/09/2012 07h00

Sim, você já ouviu esse nome antes. Mas o filme “Dredd”, dirigido por Pete Travis, tem menos a ver com “O Juiz” (1995), aquele com Sylvester Stallone gritando a plenos pulmões “Eu sou a lei!”, do que se pode imaginar. Para começo de conversa, Karl Urban, o novo protagonista, dificilmente berra. Segundo, a armadura que ele usa é bem menos chamativa, sem detalhes em dourado – o filme todo, aliás, é mais “sujo”.

Desta vez, o protagonista com poderes de polícia e justiça não vai preso, mas tem de levar a novata Anderson (Olivia Thirlby) a uma área perigosa de Mega City One, local dominado pela vilã Ma-Ma (Lena Headey, a rainha Cersei de “Game of Thrones”), que controla a distribuição da poderosa droga Slo-Mo.

A mais importante mudança é o capacete, que fica o tempo todo na cabeça de Dredd. “Era implícito para mim. Na primeira reunião, disse que não faria se tivesse de tirá-lo”, contou Karl Urban ao UOL, em entrevista durante o Festival de Toronto. Essa era, afinal, a grande crítica a “O Juiz”, pois Stallone passava mais tempo com a cara limpa do que com o elmo – nos quadrinhos de John Wagner e Carlos Ezquerra, o personagem nunca mostrou o rosto.

Não foi fácil para o ator. “Você precisa se comunicar sem os olhos. Como eu ia conseguir passar uma emoção como a dúvida?”, explicou Urban, que esteve também em franquias como “O Senhor dos Anéis” e “Star Trek”. “Mas aprendi que são suas ações que informam ao público quem ele é.”

VEJA TRAILER LEGENDADO DE "DREDD"

O elenco passou por um preparo físico intenso. “Foi brutal. Não fui um cara divertido por 14 semanas. Mas o personagem necessitava disso. Eu precisava ir ao extremo para me sentir como aquele personagem. Eram duas vezes de treinamento militar por dia. Mas, quando cheguei ao set e coloquei o uniforme, me transformei naquele cara”, disse Urban.

Para Olivia Thirlby, o desafio era ainda maior. “O público precisa acreditar que eu, uma mulher de 1m60, posso derrubar um cara. Então tive de praticar chutes e socos por semanas”, disse.

Alex Garland, roteirista de “Extermínio”, “Sunshine – Alerta Solar” e “Não me Abandone Jamais”, afirmou que o primeiro filme não foi levado em consideração. “Pensei nos quadrinhos que eu amava desde os 10 anos de idade.”

Autor de livros como "A Praia", Garland admite existir uma sombra dos longas dirigidos por Paul Verhoeven, especialmente "Robocop". "Mas 'Robocop' também foi muito influenciado pelos quadrinhos ‘Dredd’, então é como se fosse um círculo", defende o cineasta.

Os quadrinhos começaram a ser publicados na Grã-Bretanha em 1977, como parte da revista “2000 AD”. Algumas histórias desenrolavam-se de maneira épica, em longos períodos, e outras eram um dia na vida do juiz. Garland acabou escolhendo uma história curta – na verdade, uma grande parte do filme passa-se dentro da favela vertical de 200 andares Peach Trees, uma das mais problemáticas de Mega City One, a cidade pós-apocalíptica em que os personagens vivem.

Para Garland, a ideia era provocar algumas discussões, além de diversão. “Tome cuidado com o que você deseja. Se você mora num ambiente urbano como aquele, pode ser que deseje por um Juiz Dredd. Mas você realmente quer que ele exista? Se você vive num ambiente como aquele, pode desejar uma droga como aquela. Mas você realmente a quer?”, indaga o diretor.

A produção de US$ 45 milhões, modesta para filmes desse tipo, ainda não tem sequências previstas, mas Garland já tem outras ideias de histórias do juiz Dredd na cabeça. O filme estreia nesta sexta-feira (21) nos cinemas brasileiros.