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Festival do Rio reúne blockbusters, cineastas desconhecidos e mostra gay; veja destaques

O diretor Spike Lee, que traz "Bad 25", sobre Michael Jackson para o Festival do Rio - Chris Young/AP Photo/The Canadian Press
O diretor Spike Lee, que traz "Bad 25", sobre Michael Jackson para o Festival do Rio Imagem: Chris Young/AP Photo/The Canadian Press

Chico Fireman

Especial para o UOL, de São Paulo

26/09/2012 11h00

Com mais de 400 filmes em sua programação, o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro começa nesta quinta-feira (27), com filmes que foram destaque em festivais de cinema como Cannes, Veneza e Berlim, e longas premiados de cineastas desconhecidos. O Festival também apresenta uma homenagem ao cineasta John Carpenter e uma mostra dedicada ao público gay. 

O cinéfilo que, nas próximas duas semanas, decidir se dedicar ao Festival do Rio, terá trabalho para montar seu roteiro. São mais de 20 mostras, com destaque para as duas mais importantes, a Premiére Brasil e o Panorama Internacional, que apresentará os vencedores do Leão de Ouro em Veneza, “Pietà”, do coreano Kim ki-duk, e do Urso de Ouro em Berlim, “César Deve Morrer”, dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. 

Um dos principais destaques do festival é a mostra em homenagem ao cineasta John Carpenter, que exibirá 14 dos principais filmes do diretor, entre eles o primeiro longa, “Dark Star”, uma ficção-científica espacial feita quase sem recursos, e o clássico “Halloween”, que deu origem a uma das séries de terror mais cultuadas da história. Entre as produções do gênero mais recentes, as dicas são o surpreendente “O Segredo da Cabana”, escrito por Joss Whedon, diretor de “Os Vingadores”, e “Possessão”, que chegou a liderar as bilheterias norte-americanas neste ano.  

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    "Dark Star", clássico do cineasta John Carpenter

Na Mostra Mundo Gay, um dos filmes mais inusitados é “Um Homem Adorável”, filme indonésio sobre uma adolescente que descobre que o pai é um travesti. Um documentário que merece atenção é “O Sono Dourado”, que mostra o que aconteceu com a vasta e diversificada produção cinematográfica do Camboja quando o Khmer Vermelho assumiu o poder. Woody Allen e Roman Polanski, assim como o músico Bob Marley, são temas de outros três documentários.

Em 2011, a organização da Mostra de Cinema de São Paulo determinou que só exibirá filmes inéditos nos festivais brasileiros, o que deixou títulos de alguns dos mais conceituados cineastas da atualidade fora do festival. Longas assinados por diretores importantes, como o iraniano Abbas Kiarostami, o português Manoel de Oliveira e o austríaco Michael Haneke – “Amour”, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes –, não serão exibidos no Rio. Os três títulos, entre outros destaques de festivais internacionais neste ano, podem estar sendo “guardados” para a Mostra, que só anunciará sua programação em outubro.

Evento apresentará vencedores dos festivais de Veneza e Berlim

Embora tenha alguns grandes nomes em seu “elenco”, o Festival resolveu apostar em filmes de diretores poucos conhecidos, mas premiados internacionalmente. Do Festival de Berlim, o Rio exibirá “Apenas o Vento”, do húngaro Benedek Fliegauf, que ganhou o Grande Prêmio do Júri; “A Era Atômica”, filme de Héléna Klotz, e “Deixe as Luzes Acesas”, de Ira Sachs, ganhador do Teddy, troféu para o melhor filme gay do evento. 

Dois filmes do cineasta americano Spike Lee estão no line up do Festival: “Verão em Red Hook” não agradou muito lá fora, mas “Bad 25” promete ser um favoritos do público. O filme é um documentário sobre os 25 anos do álbum homônimo de Michael Jackson. Já “Twixt”, terror do veterano Francis Ford Coppola, desperta curiosidade por seu 'pedigree', mas também não conquistou muitos fãs por onde foi exibido. 

Um dos filmes mais esperados é “Tabu”, de Miguel Gomes, elogiadíssima história de amor em preto-e-branco, vencedor do prêmio da crítica internacional em Berlim, que integra a mostra Imagens de Portugal. Entre os filmes exibidos, o primeiro longa de Manoel de Oliveira, “Aniki-Bobó”, vários de seus curtas, e mais longas de cineastas contemporâneos como João Pedro Rodrigues, diretor de “Morrer Como um Homem.  

Mesmo sem exibir o vencedor da Palma de Ouro, o Rio vai apresentar vários títulos que estrearam em Cannes: o filme de abertura, “Moonrise Kingdom”, de Wes Anderson; “Ferrugem e Osso”, de Jacques Audiard, “Holy Motors”, de Leos Carax, e “Post Tenebras Lux”, que deu a Carlos Reygadas o prêmio de melhor diretor. Mas os fãs do tailandês Apichatpong Weerasethakul, diretor de “Tio Boonmee Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”, terão a chance de assistir “Hotel Mekong”, seu novo (e experimental) filme.

Outro que é uma bela aposta é “Parada”, de Srdjan Dragojevic, o favorito do público numa mostra paralela em Cannes. Já “Sete Dias em Havana” é um filme em episódios, dirigido por Laurent Cantet, Benicio Del Toro, Julio Medem, Gaspar Noé, Elia Suleiman, Juan Carlos Tabío e Pablo Trapero. Um filme que promete se tornar um fenômeno no festival é “Indomável Senhora”, de Ben Zeitlin, premiado em Cannes e em Sundance, e estrelado por Quvenzhané Wallis, que aos 8 anos já é uma aposta certa para uma indicação ao Oscar de melhor atriz. 

Entre os diretores mais conhecidos, Stephen Frears aparece com “Lay the Favorite” e Bille August, com “Marie Kroyer”, mas ambos devem ser ofuscados por “Killer Joe”, thriller de William Friedkin, elogiado em Veneza. Já “Shokuzai” é uma de TV dirigida por Kiyoshi Kurosawa, que vai ser exibida na íntegra, com 270 minutos. Outro japonês, Sion Sono, queridinho dos hipsters, vai trazer “Terra da Esperança”.

Ao contrário da Mostra de São Paulo, o Festival do Rio parece não ter problemas com a falta de exclusividade. Pelo menos dois títulos programados para o evento carioca, “Elena”, do russo Andrey Zvyagintsev, e “Parada em Pleno Curso”, do alemão Andreas Dresen, estiveram na seleção da Mostra no ano passado. Prova de que os dois festivais podem conviver em harmonia, sem privar o cinéfilo de uma das duas cidades, de ver o filme que quiser. Ou puder.