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Gael García Bernal estrela "No", drama político que abre a Mostra de Cinema de São Paulo

Gael García Bernal estrela longa chinelo "No", dirigido por Pablo Larraín - Divulgação
Gael García Bernal estrela longa chinelo "No", dirigido por Pablo Larraín Imagem: Divulgação

Chico Fireman

Especial para o UOL, em São Paulo

18/10/2012 07h00

O chileno Pablo Larraín resolveu correr riscos com “No”, filme que abre a 36ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo nesta quinta-feira (19), numa sessão exclusiva para convidados. O filme, que retrata os bastidores do plebiscito em que o povo do Chile teve o direito de legitimar ou não o governo do ditador Augusto Pinochet, assumiu uma linguagem visual ousada para uma época em que as imagens em alta definição, mais do que objetivo, são regra na produção audiovisual.

A história do longa, estrelado por Gael García Bernal, se passa em 1988, quando por causa de uma pressão internacional o governo militar chileno se viu obrigado a ter o reconhecimento da população do país. Para tanto, determinou a realização do referendo e dividiu espaço na TV com os partidos de oposição. Mas se a situação política é o cenário para o filme, o foco está nos bastidores da criação das campanhas televisivas em que cada lado tenta ganhar o voto dos eleitores.  

Com um farto arquivo em peças publicitárias da época, Larraín resolveu emprestar ao filme o mesmo acabamento visual do material histórico, filmando com câmeras de TV como as que eram utilizadas no fim dos anos 80. O resultado pode parecer incômodo para o espectador, que não dificilmente poderá confundir a falta de qualidade das imagens com uma possível falta de qualidade da própria cópia do filme que assiste.

VEJA TRAILER ORIGINAL DO LONGA CHILENO "NO"

Mas o preço pago pela falta foco e definição e pelo excesso de granulação em muitas cenas, se mostra pequeno perto da absoluta simbiose entre a dramatização dos eventos e as imagens de arquivo. Esse equilíbrio se reflete no filme como um todo, já que Larraín evita o ranço comum a filmes políticos-históricos, centrando fogo na construção das campanhas publicitárias, que se revelam tão sangrentas quanto os conflitos armados.

É uma das interpretações mais inspiradas de Gael García, que faz o papel de um dos chefes da campanha pelo “não” e evita tanto o clichê de compor um personagem idealista como os maneirismos comuns aos retratos que o cinema costuma fazer dos publicitários. O contraponto entre seu personagem e  Alfredo Castro, seu chefe numa agência de propaganda e seu rival na campanha política, é uma das idiossincrasias mais interessantes do filme.  

Castro já tinha trabalhado com Larraín em “Tony Manero” e “Post Mortem”, filmes que, ao lado de “No”, formam uma trilogia do diretor dedicada à ditadura de Pinochet. Neste capítulo final, aplaudido em Cannes e candidato oficial do Chile ao Oscar de filme estrangeiro, o cineasta realiza seu trabalho mais apurado e ambicioso, de uma fluidez impressionante para um filme do gênero, do qual nem a imperfeição plástica intencional pode tirar a beleza.


Serviço
"No", de Pablo Larraín (Chile, França, EUA)

Quando: 19 de outubro (sexta), às 22h30
Onde: Reserva Cultural 1 - Avenida Paulista, 900 - Bela Vista (sessão 64)

Quando: 20 de outubro (sábado), às 17h20
Onde: Cine Livraria Cultura 1 - Rua Padre João Manuel, 100 - Cerqueira César (sessão 146)

Quando: 21 de outubro (domingo), às 21h
Onde: Shopping Cidade Jardim (Cinemark 6) - Avenida Magalhães de Castro, 12.000 - Morumbi (sessão 278)

Quando: 30 de outubro (terça), às 14h
Onde: Cine Livraria Cultura 1 - Rua Padre João Manuel, 100 - Cerqueira César (sessão 1080)

Quando: 31 de outubro (quarta), às 19h50
Onde: Espaço Itaú de Cinema (Frei Caneca 5) - Rua Frei Caneca, 569 - Consolação (sessão 1155)