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Jamie Foxx brinca que foi de escravo a presidente em apenas um ano

Natalia Engler

Do UOL, em Cancún (México)

19/04/2013 23h38

Quando Jamie Foxx esteve em Cancún em abril de 2012 para promover "Django Livre", as filmagens do longa de Quentin Tarantino ainda não tinham terminado e o ator estava caracterizado como o escravo do filme. Neste ano, Jamie volta a Cancún numa posição completamente diferente, interpretando o presidente James Sawyer em "O Ataque", filme dirigido por Roland Emmerich ("Independence Day") e coestrelado por Channing Tatum como o policial que protege o líder norte-americano de um ataque terrorista.

"Obviamente 'Django' foi uma jornada incrível, para qualquer um que ame cinema. É notável como o personagem é icônico", lembra Jamie. "O ótimo é o que eu chamo de evolução da liberdade: ir de interpretar um escravo para interpretar o presidente dos Estados Unidos em apenas um ano", brinca o ator, provocando risadas nos jornalistas que participam da entrevista coletiva sobre "O Ataque". "Foi bom andar por aí com aquele terno, porque interpretar um escravo pode ser bem desgastante."

A passagem anterior de Jamie por Cancún também foi lembrada por Channing, ao ser questionado se já conhecia o colega de elenco antes das filmagens. "Acho que trombei com Jamie numa festa, talvez aqui, quando Jamie estava discotecando no ano passado. Tenho certeza de que eu e minha mulher dançamos até parecer que tínhamos saído da piscina no ano passado, enquanto o Sr. Foxx mantinha a festa rolando até as 3h da manhã", lembra o ator, referindo-se a uma festa realizada no evento da Sony Pictures em que Jamie Foxx assumiu o posto de DJ e fez o clima passar de morno a fervilhante.

Por sua vez, o primeiro encontro de Jamie com Maggie Gyllenhaal, que interpreta uma agente do serviço secreto, não foi tão divertido. "Eu conheci Jamie porque ele fez um filme com meu marido e meu irmão ["Soldado Anônimo"]. Eu fiquei com um pouco de medo. Você tinha um trailer só seu, tinha toda uma coisa rolando", diz ela ao colega.

Foi bom andar por aí com aquele terno, porque interpretar um escravo pode ser bem desgastante

Jamie Foxx, sobre trabalho em "O Ataque"

A mesma sensação foi compartilhada pelo diretor. "Fui para a Louisiana e conheci Jamie em seu figurino de escravo, ele tinha uma barba, e também fiquei com um pouco de medo. Mas depois quando começamos a trabalhar juntos, melhorou", brinca Roland.

Obama

Com um presidente negro governando os Estados Unidos, as comparações entre Jamie e Barack Obama são inevitáveis. O ator nega que seu personagem seja Obama, mas admite a influência e conta como foi sua experiência na Casa Branca.

"Eu tive a chance de ir a uma homenagem do presidente à Motown na Casa Branca, eu era o mestre de cerimônia, e é interessante que tudo que você faz lá tem que ser checado. Eles me perguntaram que piadas eu ia contar e me fizeram escrever em um papel. Eu escrevi já pensando: 'Não vou falar nada dessa porcaria'. Quando eles viram que eu estava fazendo piadas que não tinha anotado, dava para ver que começaram a falar no walkie talkie", relembra Jamie.

"Tinha também todos aqueles retratos dos presidentes na parede, é incrível. E eu perguntei ao presidente, como todos eram tão sérios, se ele faria sua própria pose, já que ele é negro?, brinca o ator, fazendo sinais e poses com as mãos.

"O que eu percebi em Obama é que ele é presidencial, mas parece que você pode ir até ele, não tem aquele ar de alguém que tem que ser chamado de 'Mr. President'. As pessoas o chamam de Obama porque o veem como um amigo. Eu peguei um pouco disso, mas definitivamente não é uma imitação do presidente Obama", completa.

TRAILER EM INGLÊS DE "O ATAQUE"

Terrorismo

Em um filme em que terroristas explodem a Casa Branca, também é inevitável mencionar eventos reais como o 11 de setembro e as bombas detonadas em Boston esta semana, mas Roland faz questão de salientar a separação entre cinema e realidade.

"Depois do 11 de setembro, não se pode mais explodir nada. Uma coisa são os eventos reais e outra são os filmes. É preciso ter cuidado para não levar os filmes tão a sério, são feitos para divertir. Esses eventos são muito trágicos, enquanto os filmes têm que ser divertidos. É claro que há relações, mas, por exemplo, o que estáacontecendo em Boston agora é aterrorizante demais para falarmos sobre isso em um filme".

Ainda assim, o diretor afirma que "O Ataque" tem uma mensagem bem ligada à realidade dos Estados Unidos. "Acho que todo bom filme tem que ter uma mensagem. Sem isso, o filme fica sem alma. Todo filme, toda história, diz algo sobre a condição humana. Este é sobre a divisão nos Estados Unidos e as pessoas que deixam de agir democraticamente porque estão muito distanciadas umas das outras", conclui Roland.

"O Ataque" tem estreia no Brasil prevista para 6 de setembro de 2013.

* A jornalista viajou a convite da Sony Pictures