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"Queria achar outras maneiras de atuar", diz Ísis Valverde sobre papel em "Faroeste Caboclo"

Renato Damião

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/05/2013 20h54

Última a chegar na coletiva realizada nesta quinta-feira (16) para divulgar o filme, a atriz Ísis Valverde comentou rapidamente sobre o papel de Maria Lúcia em "Faroeste Caboclo", filme originado a partir da canção homônima de Renato Russo nos tempos de Legião Urbana. O longa vai estrear no Brasil no dia 30 de maio. "Minha relação com ela é muito íntima. Eu precisava de um personagem assim para dar um 'boom' na minha carreira", disse a artista de 26 anos. "Queria encontrar outras maneiras de atuar e a personagem foi esse caminho."

Ísis Valverde precisou convencer o diretor René Sampaio de que era a melhor escolha para viver Maria Lúcia em "Faroeste Caboclo". A atriz contou que precisou fazer cinco testes. "Mostrei que queria muito e que estava disponível, não é uma novela ou uma capa de revista que iria me deixar de fora", disse Ísis, que soube desde o início que a produção não queria uma atriz famosa.

Para Isis, o filme proporcionou a ela uma mudança em sua maneira de atuar, além da entrada no meio cinematográfico. "Era um anseio meu fazer um filme, foi uma linda imersão. Fiquei dois meses em Brasília, ouvi muito rock e aprendi a cantar os nove minutos de 'Faroeste Caboclo'", afirmou.

TRAILER DE "FAROESTE CABOCLO", INSPIRADO NA MÚSICA HOMÔNIMA

O diretor Rene Sampaio é outro que identifica na letra da música -- que fala sobre um migrante que vai tentar a sorte em Brasília -- algo sobre sua própria vida. "Esse projeto faz parte da minha vida desde os 14 anos, quando ouvi a música pela primeira vez", contou o cineasta. "Sempre disse que se eu pudesse fazer um longa, eu faria Faroeste Caboclo."

Sobre o estilo da produção, Sampaio revela certo medo ao tentar adaptar a faixa que ficou famosa pela extensão e por retratar o Brasil por meio de um personagem que encarna a batalha de uma pessoa com pouca chance na vida e que só quer o bem coletivo. "Quis reinventar o western de uma maneira brasileira. Andamos o fio da navalha", afirmou Sampaio.

Para adaptar a música ao formato de cinema, o diretor preferiu focar na história de amor entre o protagonista João de Santo Cristo e Maria Lúcia. "Acredito que fomos fiel a canção. Escolhi como recorte a relação entre o João e a Maria Lúcia porque achava que ali residia um bom drama."

Sampaio ainda citou o norte-americano John Ford, um dos pilares do gênero faroeste na década de 1940 e 1950, como uma influência para desenvolver o filme. "Claro que tem também Tarantino e até um pouco de 'Scarface' [filme clássico de Brian De Palma] no Jeremias", disse.

Segundo o elenco do filme, o momento mais tenso durante as filmagens foi a gravação da cena do estupro sofrido por João e perpetrados por capangas do vilão Jeremias. Para se preparar para o filme, os atores fizeram preparação com Sérgio Penna.

"O filme discute coisas muito atuais como a questão da tolerância", afirmou Fabrício Boliveira, que interpreta o personagem principal do longa. "O João é uma espécie de alterego do Renato. É como se ele pensasse: 'e se eu fosse negro, pobre, analfabeto?' Nisso o filme não é nada datado, questões como preconceito e solidão estão muito presentes."

Boliveira também se lembrou da estratégia para se aproximar de Ísis e ganhar a confiança da atriz na hora de atuar. Os dois se reuniram para passear na feira de São Cristóvão, local popular na capital fluminense, beberam e foram até a um karaokê juntos.