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Mais "adulto", Alan conduz fim com pouco riso da franquia "Se Beber, Não Case"

Mário Barra

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/05/2013 05h54

Voltado para a construção de um cenário mais complexo de perseguições e intrigas, a franquia "Se Beber, Não Case" chega ao terceiro filme com menos risadas e pelo menos um personagem mais amadurecido: Alan, interpretado por Zach Galifianakis – que começa a trama envolvido em um acidente com uma girafa, um sinal do tom menos jocoso que o filme terá pela frente.

Nos dois primeiros longas da série, Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) despertam completamente confusos e esquecidos após farras na noite anterior, em Las Vegas e em Bangcoc, na Tailândia, respectivamente. No terceiro, o "Bando de Lobos" –nome dado ao grupo de amigos formado no início da franquia-- se reúne novamente para convencer Alan a buscar ajuda psiquiátrica, logo após a morte do pai do personagem.

O filme ganha um tom diferente ao aumentar o nível de ação e suspense relativos às situações sem explicações aparentes na quais os três amigos se metem. O espectador é lembrado de momentos e personagens de filmes anteriores e começa a compreender como a má sorte dos protagonistas também está ligada a algo maior, um mundo perigoso que envolve de verdade a máfia e seus perseguidos.

TRAILER LEGENDADO DE "SE BEBER, NÃO CASE - PARTE 3"

Tudo acontece como se o passado iniciado em Las Vegas voltasse para assombrá-los, embora com todo o humor característico dos filmes de Todd Phillips, que também já dirigiu "Um Parto de Viagem", outra comédia "na estrada" – novamente com Galifianakis e estrelada por Robert Downey Jr.

É o personagem de Galifianakis que responde mais às mudanças. Sempre o mais "sensível" e atrapalhado do Bando de Lobos, Alan cresce no longa, o que não significa mais do humor tradicional do protagonista. Já Phil e Stu seguem com o mesmo comportamento dos filmes anteriores: o primeiro, sempre tentando fazer o grupo parar e pensar; o segundo, rezando para que tudo acabe e a paz retorne.

Um trunfo do longa é, novamente, o ator Ken Jeong, que ganhou importância no decorrer da série por conta das cenas absurdas que protagoniza na pele de Mr. Chow. Ora pelado, ora drogado ou até mesmo disfarçado, Jeong mostra versatilidade para comédia tanto com suas falas quanto por conta das sequências que envolvem voos, invasões a domicílio e fugas. A decisão de dar destaque maior ao ator deve agradar aos fãs dos trejeitos do personagem.

Entre os demais atores, a loira Heather Graham, parte da solução para a amnésia coletiva dos rapazes no primeiro filme, retorna para o desfecho da trilogia, mas com atuação muito mais discreta. Assim como Doug, interpretado por Justin Bartha, o eterno ausente às ações do trio principal.

Mais interessante é ver o veterano John Goodman, que aparece no longa no papel de um perigoso mafioso chamado Marshall. A aparição de Goodman lembra a colaboração de Paul Giamatti no segundo filme da série, assim como o caso do ex-lutador Mike Tyson, celebrado pelos fãs da franquia desde o primeiro filme.

Mas um ponto negativo fica por conta da ausência do espírito de bebedeira e festas que marcou os longas anteriores e quase desaparece no terceiro filme, dando lugar às tentativas de desfecho do enredo. Somente Mr. Chow ainda parece manter a chama da farra acesa, com alguns momentos de baladeiro puro, mas que são insuficientes para trazer aos fãs aquilo que mais esperam ao ir ao cinema para ver um filme no estilo de "Se Beber, Não Case": rachar o bico de rir.